A Solinftec, empresa de soluções de inteligência artificial e tecnologias agrícolas, chega à maioridade em 2025 no Brasil com planos ousados de crescimento. Após captar R$ 1,3 bilhão em rodadas de investimentos e com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) desde 2016, a companhia olha agora o mercado externo de capitais para sustentar seu plano de atuação no exterior.
Com os juros caminhando para 15% ao ano por aqui e o dinheiro escasso, a Solinftec aposta no dólar em queda e nas taxas menores do mercado norte-americano para dar suporte aos planos de expansão nos Estados Unidos.
Fundada em Araçatuba, no interior de São Paulo, a agtech tem uma base no estado americano de Indiana e operações crescentes naquele país e elegeu o mercado dos EUA como uma das prioridades de crescimento.
“Com o dinheiro bastante caro e escasso no Brasil, as operações no exterior ajudam muito na cesta de moedas e na possibilidade de investimentos. Uma linha externa é bastante possível de captação e, entre os desafios, está ter uma forte participação nos Estados Unidos”, disse Denis Arroyo, vice-presidente global da Solinftec, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira, 4 de fevereiro.
O mais recente aporte veio da YvY Capital, fundo de investimento liderado pelo ex-ministro Paulo Guedes e pelo ex-presidente do BNDES, Gustavo Montezano, focado na transição para uma economia verde, em segurança alimentar sustentável, transição energética e economia de baixo carbono.
Na rodada, fechada em novembro passado, a Solinftec captou R$ 300 milhões, dos quais R$ 250 milhões já foram recebidos, com o restante previsto para o primeiro quadrimestre deste ano.
A receita recorrente acumulada da companhia - os contratos de operação são de cinco anos - cresceu 20% em 2024, para R$ 370 milhões, e deve avançar o mesmo porcentual em 2025, para até R$ 450 milhões. A carteira acumulada de contratos deve superar R$ 2,5 bilhões este ano, de acordo com projeções da Solinftec.
Criada há 18 anos por pesquisadores cubanos que vieram ao Brasil para a área de cana-de-açúcar e que migraram para a indústria, a Solinftec passou a desenvolver computadores de bordo, inteligência artificial para máquinas e tratores, soluções de rastreabilidade para produtores. Recentemente, lançou o robô autônomo Solix para aplicações nas lavouras
Presente em 11 países e com soluções para 13 milhões de hectares, a Solinftec tem 60 mil equipamentos online. Segundo o diretor de operações da Solinftec, Emerson Crepaldi, 90% do mercado de cana-de-açúcar tem soluções da companhia, que chega a 74% no de citros e 20% no de grãos e fibras.
“Nossa meta no setor de cana é vender novas soluções para clientes já estruturados e crescer dentro da base criada”, afirmou o executivo.
No mercado de grãos e fibras, a companhia monitorou mais de 3 milhões de hectares em 2024. Considerando safra e safrinha, a Solinftec já cobre cerca de 8% da área cultivada no Brasil, além de monitorar mais de 14 mil máquinas de diversas marcas e 7 mil unidades climáticas em campo.
A grande aposta da companhia é o Solix. Com 150 unidades espalhadas pelo mundo, principalmente no Brasil, o equipamento já deixou de ser tratado como protótipo e a meta da Soilinftec é ter escala para chegar a 300 unidades em 2025 e a 700 equipamentos operando em 2026.
A máquina autônoma integra a plataforma robótica que coleta dados sobre a lavoura e promove aplicações localizadas de herbicidas, por exemplo. A companhia aponta a redução de 90% no uso de herbicidas em soja e milho e de 65% nas lavouras de cana, 70% a menos do uso de água e um crescimento de 10% a 15% na produtividade de grãos.
Com um investimento de R$ 370 mil, preço de um trator de 80 cavalos, e um incremento de R$ 6 a R$ 7 mil por mês para atualizações, o Solix é tratado pela empresa como um solução de baixo custo e financiável, com linhas de 6% a 11% ao ano e com carência de um ano para pagar, de acordo com Crepaldi.
“A principal receita da Solinftec são as soluções de monitoramento, mas o Solix é um produto novo e começa a se tornar carro-chefe na representatividade da empresa”, afirmou o executivo.