Nada como ver pra crer, e nesse caso, investir. Em uma iniciativa inédita, o Snash, hub de inovação ligado à Sociedade Nacional de Agricultura e o WBGI, venture builder piracicabano, lançaram uma joint-venture para unir produtores rurais e startups em estágio inicial.
Chamado de Agripool, o pool de investimentos tem a intenção de reunir produtores rurais, ou pessoas com expertise no setor, que tenham interesse em investir em agtechs não só com capital, mas também com o chamado smart-money.
Segundo Leonardo Alvarenga, CEO do Snash, a intenção é fazer a conexão para que os produtores encontrem soluções que auxiliem no dia a dia de suas propriedades.
“Queremos colocar o conhecimento não só na validação mas também no desenvolvimento da startup em prol do benefício do próprio produtor”, afirmou. A meta do pool é movimentar R$ 4 milhões em aportes feitos por esses produtores até o final do ano que vem.
Uriel Rotta, sócio do WBGI, exemplifica o modus operandi pretendido pelo Agripool com a história de investimento recente recebido pela startup Demetra.
Investida do WBGI, a agtech que desenvolve insumos biológicos foi testar seus produtos em uma fazenda de café. O produtor, após verificar os resultados no campo, aportou R$ 2 milhões no negócio liderado pelo pesquisador Renato Zapparoli.
“A ideia com o Agripool é justamente essa, pois precisamos de parcerias entre quem desenvolve e quem usa para que tudo dê certo”, afirmou Rotta. “O grande diferencial é que o produtor, que conhece os problemas que tem, vai investir em startups que melhoram seu negócio”.
O Agripool não vai funcionar como um fundo ou clube de investimentos, e nas palavras de Rotta, funcionará como um grupo de apoio. Na prática, a ideia é reunir esses investidores que estão envolvidos com o agro e que buscam soluções inovadoras.
A meta é juntar 80 pessoas nesse primeiro ano, de forma que a SNA, por meio do Snash, e o WBGI apresentem as startups para os interessados. “Até podemos investir em conjunto, mas a decisão de aportar numa startup não será nossa”, contou o sócio da WBGI.
Os membros do Agripool não necessariamente precisarão comprometer capital em startups, explicou Alvarenga. “Teremos uma anuidade, que será regressiva conforme ele aportar em startups que indicarmos”.
Alvarenga, do Snash, explica que as duas instituições que lideram a joint venture vão validar startups antes de levar os cases para investidores. “Vai funcionar com votação e o grupo de produtores vai decidir ou não pelo aporte”, diz Rotta.
Para captar as agtechs, que, segundo ele, virão de fora dos holofotes, o Agripool contará com embaixadores em diversos estados, de olho tanto nas demandas do campo quanto nas novas tecnologias.
“Essa é uma figura importante, pois atuará como um catalisador de potenciais membros investidores no processo. Também vamos fazer uma curadoria dos membros que vão entrar no pool”, explicou Leonardo Alvarenga.
Uriel Rotta, da WBGI, acrescenta dizendo que o veículo será criterioso. “Não queremos muita gente, queremos gente interessante. Vamos levar nossa rodagem no agro, aproveitando a nossa expertise e a do Snash para isso”.
O lançamento do pool para membros da SNA foi feito em um evento da Academia Nacional de Agricultura no final de semana para notáveis do grupo, que incluem o ex-ministro Roberto Rodrigues. A ideia é captar embaixadores desde já.
No piracicabano WBGI, Rotta conta que já foram aportados R$ 15 milhões em startups como Ideelab, Sigria e Demetra, em cerca de cinco anos de atividade. “Investimos em pré-seed, com uma tese muito focada em produtos biológicos por conta da relação próxima que temos com a Esalq/USP”.
No lado do carioca Snash, além das 150 startups que hoje fazem parte do Hub, existe o braço de investimentos Investnova, que já aportou R$ 2 milhões em startups como IMBR Agro, BemAgro, umgrauemeio, Agroboard, VElos e B4A.
Nada impede que as iniciativas levem suas investidas ou membros para os produtores, mas a ideia é que o Agripool seja independente dos projetos atuais.
“A ideia é abrir o leque, até porque pode ser que essas startups já tenham tickets de investimento mais alto, mas nada impede”, conclui Uriel Rotta.