Motocicletas, instrumentos musicais, motores náuticos... O universo da marca japonesa Yamaha é suficientemente diversificado para fazer o conglomerado japonês ser reconhecido mundialmente em vários ambientes.
No mundo rural, um pouco menos, embora a empresa literalmente sobrevoe o setor com equipamentos como helicópteros pulverizadores não tripulados – há cerca de 2,2 mil deles em operação no Japão, ajudando no manejo de cerca de 800 mil hectares de lavouras de arros campos de arroz.
A companhia atua há cerca de 40 anos no mercado de automação agrícola através de diferentes divisões – o helicóptero, por exemplo, é um produto da Yamaha Motors.
Mas somente no final de fevereiro passado oficializou a criação de uma subsidiária focada no desenvolvimento de soluções de alta tecnologia para o setor.
Ela atende pelo nome de Yamaha Agriculture e nasce com a ambição de se colocar entre os líderes da emergente indústria de equipamentos autônomos turbinados com inteligência artificial para o trabalho em campo.
A nova empresa consolida agora movimentos que vinham sendo feitos pelo grupo nos últimos meses, incluindo investimentos em aquisições estratégicas de startups nesses segmentos.
Assim, a Yamaha Agriculture terá como ponto de partida as tecnologias desenvolvidas pela Robotics Plus, empresa de automação agrícola da Nova Zelândia, e da australiana The Yield, especializada em sistemas de análise de dados com inteligência artificial para operações agrícolas.
Combinando as duas, a Yamaha pretende oferecer robôs pulverizadores e voltados para a limpeza de lavouras, além de plataformas de inteligência agrícola com insights para tomadas de decisões para produtores de culturas especiais como uvas e maçãs.
Seus primeiros mercados devem ser os países da Oceania e os Estados Unidos.
O “carro-chefe” da companhia deve ser o Prospr, equipamento autônomo comercializado pela Robotics Plus. O robô agrícola já é utilizado na automação de tarefas em propriedades produtoras de uvas viníferas na Nova Zelândia.
A Yamaha acredita que ele pode ser a base para o desenvolvimento de outras funções, que ampliem sua utilização e ajudem a fazer dele uma solução para um problema crescente em diversas regiões agrícolas: a escassez de mão de obra.
“ Esse é o maior problema para a maioria dos produtores de culturas especiais”, afirmou Nolan Paul, recém-nomeado CEO da Yamaha Agriculture, ao site AgTech Navigator. “Está se tornando uma crise existencial para eles e as soluções de automação são uma necessidade”.
Para ele, a introdução de sensores nos equipamentos autônomos traz o benefício adicional de permitir a coleta de dados no campo, que, depois de analisados, são devolvidos na forma de recomendações que podem melhorar a produtividade.
“A Yamaha espera fornecer informações as produtores para que eles possam gerenciar suas atividades ao nível da planta, principalmente para aplicações em taxas variáveis”, afirma.
A decisão dos japoneses de ampliar o foco na agricultura é baseada em estudos, citados pela empresa, que apontam a tendência dos produtores desse tipo de cultura de buscarem cada vez mais alternativas tecnológicas para substituir o trabalho humano.
Um desses estudos foi realizado pela Washington Tree Fruit Research Comission, do estado americano de Washington. Segundo o relatório, 86% dos produtores locais acreditam que tecnologias de softwares e robótica já mudaram ou vão mudar, no prazo de 5 a 10 anos, a forma como eles produzem. Para eles, a automação seria especialmente benéfica em atividades como colheita e classificação (76%) e pulverização e fertilização (52%).
Outro dado apontado pela empresa vem do próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que aponta que essas culturas especiais são as que têm maior custo de mão de obra no país. Por isso, estariam mais dispostos a investir em alternativas. E isso é música para a nova Yamaha Agriculture.