A startup Tarvos vende seu serviço como um “big brother das pragas”. Com armadilhas automáticas instaladas em lavouras e conectadas em satélites, a empresa promete detectar a incidência de pragas na plantação e, em tempo real, informar o produtor através de uma mensagem por Whatsapp.

Pois essas armadilhas capturaram também a atenção de investidores de peso. A Tarvos acaba de receber um aporte de R$ 5 milhões em uma rodada seed (para empresas em estágio inicial) liderada por nomes fortes do ecossistema de venture capital, como Fundepar, a gestora ACE Ventures, a BossaNova Investimentos e a GVAngels.

Fundada em 2017, a startup já havia captado cerca de R$ 6 milhões entre subvenções públicas da Fapesp e em outra rodada de investimentos.

As armadilhas automáticas produzidas pela empresa são chamadas de Tarvos LD. Para além do monitoramento de pragas, coletam dados climáticos localizados de parceiros certificados.

Cada armadilha automática monitora a incidência de pragas em áreas que variam de 5 a 10 hectares. Ao perceber que uma determinada espécie prejudicial à planta está na região, ela emite um alerta para o produtor em tempo real.

A Tarvos LD possui um sistema próprio de comunicação via satélite, o que dispensa o uso de internet na área para o funcionamento da máquina.

Com serviços de inteligência artificial, a armadilha transforma as imagens captadas das pragas em relatórios. “Conseguimos antecipar a chegada de pragas dias antes”, comentou o CEO da Tarvos, Andrei Grespan, ao AgFeed.

A empresa pretende usar os recursos captados para expandir sua atuação, que já conta com 115 mil hectares monitorados em aproximadamente 120 fazendas pelo Brasil.

Andrei Grespan afirma que o aporte será alocado sobretudo na parte comercial da empresa, a fim de aumentar a clientela. Além disso, quer aumentar seu quadro de funcionários, que passou de três pessoas para 18 neste ano..

Grespan ainda pretende entrar em outros mercados. Atualmente, a Tarvos opera principalmente em culturas de grãos e fibras, mas está iniciando as atividades no hortifruti, especialmente em tomates.

“Começamos a segmentar os mercados para buscar desassociar dependências que empresas têm do ciclo de safra, já que o produtor costuma investir em insumos duas vezes por ano. Quando vamos para culturas semi-perenes e perenes quebramos isso. Vemos oportunidades de operação em mais momentos do ano", afirma.

Em termos de escala, a empresa espera atingir uma área monitorada de 520 mil hectares na safra 2023/2024, atendendo 1 mil produtores rurais de pequeno e médio porte em todo o Brasil. “Nossa projeção é que o faturamento em 2023 deve fechar em R$ 5 milhões, frente aos R$ 2 milhões do ano de 2022", comenta Grespan.

Andrei Grespan, Fabricio Soares e Hugo Rafacho, sócios da Tarvos

Dentre os investidores dessa rodada está a GVAngels, uma rede de investidores anjo formada por ex-alunos da FGV. Andrea Diniz, uma das participantes deste projeto e que liderou os investimentos, afirma que o diferencial da Tarvos foi a rapidez com que as informações são passadas para o produtor e a não necessidade de internet no local.

“Como o produto não depende de conexão, pois é feito tudo via satélite, você acaba bloqueando os concorrentes internacionais. Além disso, a empresa continua a investir em pesquisa e conta com uma boa governança, com conselho de administração”, comenta.

A GVAngels possui cerca de 350 investidores com aptidões distintas. No agro, o grupo já investiu na AgroInteli, uma plataforma que integra dados para fazendeiros, e na Sumá, que atua na capacitação do agricultor familiar. Segundo o grupo, cerca de 151 associados, cerca de 50% dos GVAngels têm interesse em investimentos em agtechs.