A Jalles Machado até plantou em mais áreas, mas sofreu com falta de chuvas e uma produtividade mais baixa na temporada 2025/2026. Resultado? Menos cana processada.

Essa é a síntese de um documento protocolado pela companhia na CVM na noite desta terça-feira, 18 de novembro, referente ao encerramento da moagem da safra 2025/26.

Segundo o fato relevante, o processamento de cana da empresa somou 7,07 milhões de toneladas, um número 10% menor do que o processado na safra passada e ainda 5,9% abaixo do projetado antes da temporada começar.

A companhia encerrou o período com uma maior área colhida: 94,8 mil hectares, avanço de 3,4% em um ano. Apesar disso, sofreu com uma produtividade abaixo da safra passada.

A produtividade média medida pelo TCH (toneladas de cana por hectare) foi de 74,5 t/ha, ante 84,5 t/ha no ciclo anterior, número 11,8% menor.

“Esse desempenho decorre principalmente das chuvas significativamente abaixo da média nos meses de fevereiro e março, período crítico para o desenvolvimento da cultura, condição que se mostrou mais severa do que o previsto na revisão das projeções”, afirmou a empresa no comunicado.

A maior queda de produtividade se deu na unidade Jalles Machado, em Goianésia (GO), com 80,5 toneladas por hectare no TCH, uma baixa de 17,5%. A empresa citou que nessa unidade, houve maiores níveis de matocompetição, ou seja, maior presença de ervas daninhas, nas áreas de cultivo orgânico, o que ajudou a produtividade decair.

O mix de produção encerrou a safra com 53,6% de etanol e 46,4% de açúcar. Na temporada anterior, o mix foi de 55,7% e 44,3%, respectivamente, para etanol e açúcar.

Antes da temporada 2025/2026 iniciar, contudo, a Jalles projetava um mix mais açucareiro, com 51,8% para o adoçante e 48,2% para o biocombustível.

“A diferença em relação ao mix projetado deve-se à dinâmica de preços entre etanol e açúcar ao longo da safra. À medida que a paridade passou a favorecer o etanol, a companhia realocou parte da produção, especialmente nas unidades de Goiás a fim de maximizar a geração de valor”, justificou a Jalles.

A produção total de açúcar alcançou 436,6 mil toneladas, queda de 5,3% em relação à safra anterior, principalmente impactada pelo déficit hídrico, de acordo com o fato relevante.

Desse volume, a produção de açúcar orgânico somou 78,4 mil toneladas, 25,8% abaixo do registrado no ciclo 2024/25, refletindo justamente a citada “matocompetição” observada principalmente na unidade Jalles Machado.

Somado a isso, a empresa já havia sinalizado quando divulgou o balanço do primeiro trimestre da safra, que o tarifaço promovido por Donald Trump teria impactos fortes na produção do açúcar orgânico.

Na ocasião, em agosto, estimou perdas financeiras de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões, em razão da reclassificação de 15 mil a 20 mil toneladas originalmente destinadas à exportação, que passaram a ser rotuladas como açúcar cristal para comercialização no mercado interno, com menor valor agregado.

Ainda no fato relevante divulgado nesta terça, a companhia citou que a produção do açúcar bruto (VHP), somou 135,1 mil toneladas, uma alta de 34,4% em um ano. “Isso demonstra o pleno funcionamento da fábrica de VHP da Unidade Santa Vitória, que operou em sua primeira safra completa em ritmo normalizado”.

A companhia produziu 310,5 mil metros cúbicos de etanol, 13,2% menos do que na safra passada.

Resumo

  • Jalles processa 7,07 milhões de toneladas de cana na safra 2025/2026, queda de 10% mesmo com área colhida maior
  • Mix termina mais alcooleiro, com 53,6% etanol e 46,4% açúcar, após preços favorecerem biocombustível nas unidades de Goiás
  • Produção de açúcar cai para 436,6 mil t, açúcar orgânico recua 25,8% e etanol soma 310,5 mil m³, 13,2% abaixo da safra anterior