A centenária israelense ICL é bastante conhecida globalmente como fornecedora de fertilizantes tradicionais, sendo uma das principais no mercado de cloreto de potássio.

Aqui no Brasil, no entanto, cada vez mais a companhia trilha no rumo das “especialidades”, fertilizantes de maior valor agregado, com potencial de seguir crescendo em ritmo acelerado, ao contrário do adubo commodity.

“Em 2019 teve um marco. A ICL apontou que faria investimentos para se especializar, diminuir o peso da commodity e ter mais especialidades, principalmente na China, Índia e Brasil, onde, de lá para, cá comprou três empresas”, lembrou Alfredo Kober, CEO da ICL, em entrevista ao AgLíderes, videocast do AgFeed.

As empresas adquiridas foram a Fertiláqua em 2020, Compass Minerals no ano seguinte e Nitro 1000, de biológicos, em 2024.

Kober assumiu a função de CEO no início do ano passado, mas já estava na empresa desde 2020. Engenheiro agrônomo por formação, ele acumula vasta experiência em companhias como Monsanto, Bayer e Yara.

Agora, ele acredita que as melhores oportunidades de crescimento estão em nutrição de plantas, mas admite que o momento ainda é desafiador.

“Temos duas certezas no agronegócio. Uma que ele vai continuar crescendo, pela importância na oferta de alimentos para o mundo todo. A segunda é que a próxima crise virá. Estamos vivendo um ciclo de ajuste. É um ambiente que estamos hoje que exige muita resiliência, com a combinação de baixa das commodities, aumento dos juros, redução na oferta de credito, temos que nos ajustar a essa realidade”, avaliou.

Globalmente, a ICL tem uma receita de US$ 6,8 bilhões. São quatro divisões, sendo uma delas a Growing Solutions, onde está posicionada a ICL América do Sul.

Segundo Kober, esse pilar já representa 55% do negócio da empresa. Dados por país não são divulgados.

Na conversa com o AgLíderes, o executivo disse que até setembro as vendas da ICL no Brasil estavam crescendo dois dígitos, algo que vinha sendo regra até o ano passado, quando ele menciona patamares acima de 20%.

O último trimestre, porém, seria a grande incógnita. Tradicionalmente, neste segmento de especiais e foliares, as compras ocorrem quando a safra já está sendo executada, ele explicou. E o clima de cautela segue preponderando entre os agricultores.

Kober contou que a ICL tem reforçado o suporte aos canais de distribuição para um “esforço maior no desestoque” e também em dar mais agilidade aos processos de cobrança, com foco em superar as restrições de crédito que estão sendo o grande obstáculo da safra 2025/2026.

Apesar desse cenário, ele garantiu que o apetite da empresa para seguir crescendo não diminuiu. O executivo deu sinais de que novos passos serão dados em biológicos, por exemplo, para que esse pilar possa responder por até 30% do negócio na região.

“Vai depender do tamanho da empresa que nós vamos comprar, mas nós queremos no longo prazo, como em todos os negócios que atuamos, estar entre os top 3. É uma meta ambiciosa, mas tem muito a característica da ICL de ser muito forte nos mercados em que atua”, afirmou.

Atualmente, a contribuição do biológico no Brasil ainda é pequena, porque a Nitro 1000, que foi adquirida, tem foco somente em inoculantes.

Alfredo Kober diz o plano de “longo prazo” é dobrar o tamanho da ICL América do Sul. Isso pode ocorrer, segundo ele, “daqui a 5 ou 10 anos”.

Além de fusões e aquisições, também deve haver expansão da produção nas fábricas. A empresa estaria aguardando novas definições sobre a questão tributária no País para definir se ficará mais próxima dos portos ou nas regiões agrícolas.

Mais detalhes sobre os planos da ICL no Brasil e as estratégias para lidar com os desafios do momento você confere na entrevista completa, disponivel nos canais do AgFeed no YouTube e no Spotify.