Economista por formação e agrônomo de paixão. É assim que Eduardo Monteiro, atual Country Manager da Mosaic no Brasil costuma se descrever, quando conta os detalhes de mais de 30 anos de carreira relacionados ao agronegócio.

Na Mosaic, o executivo está há mais de 20 anos, desde a época em que a empresa ainda se chamava Cargill Fertilizantes. Em meados de 2000, houve um forte movimento de consolidação do setor, com diversas fusões e aquisições e assim nasceu a Mosaic, hoje uma companhia americana listada na Bolsa de Nova York.

No Brasil foram diversas aquisições, incluindo a Vale Fertilizantes, em 2016, o que aos poucos levou a Mosaic à condição de líder na comercialização de adubos no Brasil. São cerca de 10,5 milhões de toneladas vendidas pela empresa anualmente, que representariam cerca de 35% do mercado brasileiro.

Mas o tempo em que as indústrias de insumos cresciam dois dígitos facilmente ficou para trás. Empresas como a Mosaic vem sendo desafiadas pelo período de maior cautela dos produtores rurais e pelas tendências tecnológicas, que buscam racionalizar o uso de adubos, com menor impacto ambiental.

Neste cenário, a multinacional americana tem propagado com frequência a sua investida no segmento de bionutrição, que inclui principalmente produtos com origem biológica capazes de potencializar o aproveitamento de fertilizantes tradicionais, que a empresa já vende, o famoso NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio).

A Mosaic prevê lançar globalmente 12 itens de bionutrição, sendo pelo menos três no Brasil, no próximo ano. A empresa, porém, aguarda avanços na regulamentação da nova lei de bioinsumos brasileira, que está no Ministério da Agricultura. Isso porque alguns de seus produtos já vendidos em outros países ainda não receberam registro das autoridades por aqui, já que se trata de uma inovação, não prevista pelas regras anteriores.

Será que isso vai atrapalhar os resultados financeiros da Mosaic?

“A gente tem uma ambição (um número) e a gente vai manter essa ambição”, afirmou Eduardo Monteiro, em entrevista ao AgLíderes, um videocast do AgFeed, que está disponível no YouTube.

Recentemente, a empresa divulgou que espera gerar US$ 200 milhões em Ebitda com o pilar Mosaic Biosciences, em nível global, até 2030. No Brasil, “a aspiração”, segundo a líder global da Mosaic,  é alcançar receita de US$ 100 milhões, no período.

Ele explicou que a empresa depende da aprovação de “um produto importante”, que é uma combinação de um fertilizante com um microrganismo, que solubiliza o fósforo, e ainda precisa ser trazido para o Brasil. Mas caso, não haja aprovação imediata, o plano é trabalhar com volumes maiores nas linhas que já temos, “o que será um desafio maior, que parte de uma premissa de crescimento”.

Enquanto os bioinsumos da Mosaic ainda aguardam algumas regulamentações, a empresa tem outra preocupação importante para a safra 2025/2026: o crédito cada vez mais restrito por parte dos bancos.

“A gente vem observando uma aversão a risco por parte dos bancos, que vem mostrando divulgações de resultados não tão positivos, com provisionamentos para o agro, e isso impacta na liberação de crédito, inclusive no Plano Safra”, alertou.

Monteiro também é presidente da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos). Segundo ele, até o momento 85% dos fertilizantes previstos para a safra 25/26 foram comercializados. A demora, no restante, estaria relacionada a essa “morosidade” na liberação de recursos do Plano Safra.

Na entrevista completa, do AgLíderes, você vai conferir qual a visão de Eduardo Monteiro para o agro daqui a 10 anos. Vai saber também detalhes sobre o investimento recente da Mosaic em Tocantins e as perspectivas de crescimento para a região, além de outros temas como a desejada “autossuficiência” do Brasil em fertilizantes. Será mesmo possível? A resposta ele dá ao longo da entrevista, disponível no YouTube e no Spotify.