Belém (PA) - Na AgriZone, a casa do agro na COP 30, um certo ar de marasmo visto na semana passada ficou para trás nesta segunda-feira, dia 17 de novembro, com a chegada do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já pela manhã. Filas se formaram logo na entrada e, dentro do espaço, bastante gente circulou ao longo do dia.

Fávaro, que ainda não tinha ido a Belém, conheceu o espaço da Embrapa, ciceroneado pela presidente da empresa, Silvia Massruhá, e gostou do que viu.

“Temos a oportunidade de também mostrar para o mundo, na prática, com todas as soluções usadas pela agropecuária brasileira para demonstrar que o Brasil é um grande celeiro na produção de alimentos e energias, mas (que produz) também com responsabilidade ambiental”, resumiu o ministro em rápida entrevista coletiva a jornalistas.

O discurso de Fávaro, porém, também destoou da defesa de protagonismo do agro na COP, ideia que o setor produtivo tem defendido ao longo dos últimos meses.

Questionado por este repórter sobre o papel do setor na conferência, o ministro rechaçou a ideia de que o agro busca centralidade nos debates.

“O agro não vem à COP buscar protagonismo. Vem para mostrar ao mundo o modelo produtivo da agropecuária brasileira e desmistificar essa visão equivocada. A imensa maioria dos produtores segue boas práticas, tem responsabilidade ambiental e social”, disse Fávaro.

Laboratório vivo

Em parelelo às agendas oficiais, a Embrapa está lançando nesta terça-feira, dia 18 de novembro, o AgForest Lab, laboratório que contará com uma fazenda modelo a ser instalada ao longo do ano que vem, em um campo experimental de 213 hectares dentro da sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém.

O laboratório será dedicado ao desenvolvimento de sistemas agroflorestais (SAFs) escaláveis para o bioma amazônico e será aberto para empresas, de diferentes portes, instituições, entidades, universidades e produtores rurais que queiram, principalmente, desenvolver, validar e demonstrar tecnologias ligadas à inovação agroflorestal na Amazônia.

“O AgForest Lab constitui um laboratório vivo institucionalmente concebido para transformar campos experimentais em verdadeiras plataformas de inovação aberta, promovendo a cocriação e o codesenvolvimento entre a Embrapa, empresas e instituições parceiras”, explica Vitor Mondo, supervisor de ecossistemas de inovação da Embrapa, em nota.

Sem noção

Na tentativa de valorizar a Alemanha, o chanceler alemão Friederich Merz não mediu palavras para descrever o que achou de Belém após ter participado da Cúpula dos Líderes, evento pré-COP, e esbarrou na xenofobia durante discurso realizado no Congresso Alemão do Comércio no dia 13 de novembro, que só chegou ao conhecimento do público brasileiro nesta segunda-feira.

Sem noção (2)

"Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos.", disse Merz. A plateia riu da fala.

Sem noção (3)

"Em Belém, vimos como é importante manter o equilíbrio entre proteção do clima e crescimento econômico. Lá, o debate foi intenso, o calor era insuportável e as negociações se arrastavam até de madrugada. Aqui na Alemanha fazemos política climática com a economia, não contra ela. Por isso todos ficaram aliviados quando o avião decolou de volta para Frankfurt", emendou Merz.

Em defesa

Não demorou muito para que houvesse uma reação do prefeito de Belém, Igor Normando, que chamou a fala de Merz de "infeliz, arrogante e preconceituosa" em um vídeo postado nas redes sociais. "A fala dele não representa o que o mundo inteiro tem achado da nossa cidade. Por onde a gente anda, muita gente encantada com a nossa gastronomia, história e belezas naturais", disse Normando.

Em defesa (2)

O governador Helder Barbalho fez coro. "Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado", disse Barbalho em postagem na rede social X.

O sabor da Amazônia

Como já era de se esperar, a movimentação da COP fez-se presente no fim de semana em Belém. Os principais pontos turísticos, como a Estação das Docas e o Mercado Ver-o-Peso, ficaram lotados de visitantes. A estrela absoluta nas Docas foi o sorvete da histórica sorveteria Cairu, alvo de filas de gente curiosa para provar sabores amazônicos como taperebá, muruci e carimbó – ou para repetir a dose, caso deste repórter, pela terceira vez.

Tradição

Figurando em alguns rankings entre as melhores sorveterias do mundo, a Cairu faz parte da história da capital paraense. Fundada em 1963, a sorveteria ainda hoje é um fenômeno local. Com 14 lojas em Belém, a casa produz entre 4 e 5 toneladas de sorvete por mês, podendo chegar a 8 no verão. Haja taperebá.