Um avanço nas receitas em todas as unidades, mas com margens pressionadas pela ausência da China e por custos elevados.

Esse é o resumo do terceiro trimestre da MBRF, o primeiro balanço da companhia recém-formada após a junção da Marfrig e da BRF, que divulgou na noite desta segunda-feira, 10 de novembro, seus números do período ao mercado.

No resultado consolidado, que envolve a operação da Marfrig no Brasil e nos Estados Unidos e também a BRF, a empresa teve lucro líquido de R$ 94 milhões, queda de 62% em um ano.

A receita líquida ficou em R$ 41,7 bilhões, 9,2% acima do ano passado, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado foi de R$ 3,5 bilhões, uma pequena queda de 8%.

De acordo com o vice-presidente de finanças e relações com investidores, José Ignacio Scoseria Rey, o principal driver na baixa do lucro foi uma “queda operacional da BRF”. “Basicamente nos EUA, a National Beef teve uma performance estável, e no negócio de bois na América do Sul, houve expansão”, disse.

A operação da BRF registrou crescimento de 5% em um ano nos volumes e um aumento de 5,4% na receita líquida na mesma comparação, totalizando R$ 16,3 bilhões.

“No mercado interno, houve avanço no volume de produtos processados, impulsionado pela ampliação dos canais de distribuição, que passaram a atender 340 mil pontos de venda”, afirmou a empresa. Esse foi o maior volume da história da BRF para um trimestre.

O balanço mostra que a BRF vendeu 1,3 milhão de toneladas no período, avanço de 5% em um ano. Desse total, 773 mil toneladas ficaram no mercado interno e o restante no externo.

Apesar disso, viu seu Ebitda recuar 14,9%, e a margem bruta sair de 27,3% para 24,7% em um ano. Ou seja, na prática, a BRF até vendeu mais, porém com margens menores.

A principal razão para essa compressão foi justamente o bloqueio temporário das exportações brasileiras de carne de frango para destinos estratégicos, como China e União Europeia, que garantem melhores preços e margens mais elevadas, em razão dos casos de gripe aviária registrados no Sul.

Com o fechamento desses canais, a companhia precisou redirecionar parte da produção para mercados alternativos, com preços mais baixos e, em casos, com custos logísticos mais altos, o que reduziu o lucro por unidade vendida. Além disso, a empresa ainda menciona que houve um "aumento do custo de consumo dos grãos e óleos", o que pressionou ainda mais a rentabilidade e ajudou o custo dos produtos vendidos (CPV) avançar 9% em um ano na BRF.

Na última semana, a China retomou as importações do frango brasileiro, o que deve aliviar as margens do quarto trimestre do ano.

“O retorno das exportações para China representa um importante potencial de geração de valor e aumento de lucratividade para a MBRF. Nos últimos 12 meses anteriores à suspensão do Brasil, a companhia manteve uma participação relevante na exportação para esse mercado”, diz a empresa.

“A reabertura também traz um fator estratégico para a MBRF, a única empresa brasileira a manter uma fábrica de processados na China, localizada em Henan, que já pode voltar a receber matéria-prima brasileira, tornando-se ainda mais competitiva”, destacou o CEO Miguel Gularte.

A operação de bovinos na América do Norte, por meio da National Beef, atingiu receita de US$ 3,6 bilhões, uma alta de 12,2% frente ao mesmo intervalo em 2024. O número é reflexo, segundo a empresa, do ciclo pecuário americano de menor oferta de gado. Apesar disso, a MBRF pontuou, no balanço, que houve um aumento do peso médio na carcaça que ajudou os resultados.

Já na operação de bovinos na América do Sul, a receita líquida foi de R$ 5,7 bilhões, crescimento de 18,1% em relação ao terceiro trimestre de 2024, com um volume de vendas 17,6% maior em um ano.

No trimestre, 47% da Receita Líquida Consolidada foi resultado da Operação América do Norte, 14% da Operação da América do Sul e 39% da BRF.

O endividamento líquido consolidado encerrou o trimestre em R$ 41,3 bilhões, alta de 10% sobre o segundo trimestre. Segundo a companhia, o avanço reflete recompras de ações e aumento de participação na BRF, além da distribuição de R$ 3,8 bilhões em proventos. A alavancagem se manteve estável em 3,09 vezes.

O fluxo de caixa operacional somou R$ 3,3 bilhões, e a MBRF gerou um fluxo de caixa livre de R$ 555 milhões no trimestre.

Resumo

  • A MBRF encerrou o trimestre com receita líquida de R$ 41,7 bilhões, avanço de 9,2% em um ano.
  • Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 3,5 bilhões, uma queda de 8%, refletindo principalmente a menor rentabilidade da BRF.
  • BRF vendeu um volume recorde de 1,3 milhão de toneladas, mas registrou queda na margem bruta com o impacto do bloqueio temporário das exportações de frango para China e União Europeia.