As ações da gigante global das commodities Bunge tiveram dia de protagonismo na Bolsa de Nova York após a divulgação do balanço da companhia na manhã desta quarta-feira, 5 de novembro.

Os papeis abriram em forte alta e se mantiveram com valorização próxima dos 5% ao longo de toda a manhã, com os investidores satisfeitos com os números apresentados pela empresa, que mostraram o impacto positivo da aquisição da Viterra, logo no primeiro trimestre após a conclusão do negócio, em julho passado.

Graças à incorporação dos negócios da trading comprada da suíça Glencore por US$ 18 bilhões, a Bunge viu suas vendas dispararem no trimestre.

E, mais do que isso, conseguiu mitigar um problema que afetou suas principais concorrentes, como a também americana ADM: as incertezas do mercado em função da guerra comercial promovida pelo tarifaço de Donald Trump.

Traduzindo em números, o “efeito Viterra” ajudou a companhia a registrar aumento de 72% nas vendas, que somaram US$ 22,16 bilhões no terceiro trimestre de 2025, bem acima das previsões de analistas de Wall Street, que esperavam algo em torno de US$ 14,73 bilhões.

Uma explicação para esse desempenho vem de um de seus principais negócios, o processamento e refino de soja, cuja receita cresceu 38%, atingindo US$ 10,86 bilhões. E aí, o principal impulso veio das da Viterra no Brasil e na Argentina.

Assim, enquanto outras tradings sofreram maior impacto da suspensão das compras chinesas de soja dos Estados Unidos, a Bunge obteve resultados mais expressivos nos dois países em que a China foi buscar os grãos que, por conta das disputas comerciais, deixou de adquirir dos americanos.

O resultado final do balanço, entretanto, não refletiu o aumento das vendas. Perdas cambiais de US$ 55 milhões fizeram com que o lucro da empresa ficasse em US$ 166 milhões, uma queda em relação aos US$ 221 milhões do mesmo período no ano anterior – na ocasião, o impacto cambial foi positivo em US$ 14 milhões.

Ainda assim, mais uma vez o resultado superou as expectativas dos analistas. Eles esperavam um lucro por ação – já excluindo itens atípicos, como ajustes de marcação a mercado de US$ 1,94, segundo a FacySet. A Bunge entregou US$ 2,27.

Com isso, a companhia manteve a previsão anual de lucro entre US$ 7,30 e US$ 7,60 por ação, feita em um comunicado no dia 15 de outubro passado.

Na ocasião, os dados também agradaram os investidores, apesar de significarem uma redução em relação ao guidance anterior, que estimava ganhos de US$ 7,75 por ação, e as ações chegaram a se valorizar em 12% no dia.

A percepção do mercado é de que podia ser pior. O “efeito Viterra” mostrou, agora, que o pior foi evitado.

Resumo

  • “Efeito Viterra” eleva vendas da Bunge para US$ 22,16 bilhões no 3º tri, 72% acima do ano anterior
  • Negócios no Brasil e Argentina compensaram perdas dos EUA com a guerra comercial de Trump
  • Lucro cai para US$ 166 milhões por efeito cambial, mas supera projeções e anima investidores