Os primeiros números divulgados pela rede de distribuição de insumos Lavoro após a confirmação de seu processo de recuperação extrajudicial mostram o que se esperava: uma retração forte nas receitas e no resultado final.

Os dados protocolados nesta quarta-feira, 5 de novembro, pela companhia da SEC (a comissão de valores mobiliários americana, já que a empresa é listada na Nasdaq) informam que a Lavoro Limited faturou R$ 6,2 bilhões no ano fiscal encerrado em 30 de junho, 34% a menos do que o obtido no exercício anterior.

No mesmo período, a companhia aferiu lucro bruto consolidado R$ 900 milhões, 33% inferior na comparação anual. Em ambos os casos, os dados são citados como preliminares, por não terem sido auditados.

O retrato indica, entretanto, ainda a fase anterior à RE, que foi requerida em 18 de junho – portanto apenas doze dias antes do fim do ano fiscal da companhia. Assim, a perspectiva é de que o início do novo ano safra traga novas quedas em ambos os resultados.

O release de resultados da Lavoro atribui a queda da receita “à escassez de estoque no varejo agrícola no Brasil durante períodos importantes da temporada de vendas de insumos agrícolas, o que resultou em cancelamentos significativos de pedidos ao longo do ano”.

A redução nas vendas, segundo a companhia, reflete a queda no lucro, que poderia ter sido maior, segundo o documento, se não tivesse sido “parcialmente compensada pela expansão das margens brutas, refletindo mudanças favoráveis na composição dos segmentos, bem como um aumento nas margens de distribuição no varejo agrícola na América Latina”.

Por outro lado, no Brasil, de longe o maior mercado da empresa, as margens, tanto no varejo quanto no tratamento de cultivos, ficaram mais apertadas, confirme admite o documento.

A Lavoro também atualizou, na mesma publicação, as informações referentes à adesão de credores ao seu plano de RE.

Na última publicação a respeito, em 9 de setembro passado, a companhia havia comunicado ter atingido a marca de 52% dos créditos elegíveis, o que configurava a maioria necessária pela lei brasileira.

Agora de acordo com a empresa, a proporção teria subido para 64%, co a adesão de novos fornecedores. No documento, são citados nominalmente na lista dos fornecedores que poiam o plano Adama Brasil, UPL Brasil, FMC Agrícola, BASF, Ourofino e EuroChem.

A empresa informa que, de acordo com o plano, concluiu a primeira parcela de pagamentos aos fornecedores credores em setembro.

O plano de recuperação apresentado ao Tribunal de Justiça de São Paulo prevê a extensão dos prazos de pagamento e a implementação de um modelo de financiamento de inventário com vigência plurianual.

O modelo adotado foi a divisão desses credores em cinco categorias distintas, oferecendo a cada uma delas prazos distintos para o pagamento das dívidas vencidas.

Para aqueles que aprovarem o plano, a Lavoro não prevê deságio nos créditos, mas condições específicas para o tempo de recebimento.

Assim, os “Credores Especiais”, por exemplo, que englobam as principais companhias de insumos, receberão 100% do principal, com juros corrigidos pelo IPCA, sendo até 20% (ou até 40% no caso de dívidas em dólares) pagos em produtos mantidos em estoque, com o saldo quitado em oito parcelas semestrais de setembro de 2025 a abril de 2029.

Já os “Credores Gerais”, terão até 10% pagos em produtos mantidos em estoque e o restante em 10 parcelas semestrais entre setembro de 2025 e abril de 2030.

Uma categoria especial foi criada para abrigar os sementeiros, já que, segundo Cunha, são em geral empresas menores e com maior dificuldade com fluxo de caixa. Aqueles que derem aval ao plano receberão integralmente os valores devidos, também corrigidos pela inflação, em cinco parcelas semestrais entre outubro de 2025 e setembro de 2027.

Já o “Credores Pequenos” receberão até R$ 50 mil em pagamento único, com o restante da dívida sendo extinto.

Para aqueles “não apoiadores” o deságio será de 50% do valor da dívida e o pagamento será feito em parcela única com correção pelo IPCA, mas apenas em junho de 2032.

Resumo

  • Lavoro faturou R$ 6,2 bilhões no ano fiscal encerrado em junho, retração de 34% ante o exercício anterior
  • Lucro bruto caiu 33%, refletindo estoques escassos e cancelamentos de pedidos no varejo agrícola
  • Recuperação extrajudicial já conta com adesão de 64% dos credores, incluindo Adama, Basf, FMC, Ourofino, Eurochem e UPL