A trajetória de Luís Felli no agro e o domínio que o executivo tem sobre diferentes temas que envolvem o setor ajudam a comprovar o protagonismo do Brasil quando o assunto é agricultura.
Uma das marcas líderes da AGCO, a Massey Ferguson, por exemplo, está prestes a completar 180 anos. A companhia - que também fabrica as marcas Fendt e Valtra - está entre as 500 maiores dos Estados Unidos, é listada na Bolsa de Nova York e faturou, no ano passado, US$ 11 bilhões. A América do Sul responde por 15% deste total e o Brasil, por 72% dos negócios da região.
E sabe quem é o vice-presidente sênior da AGCO e head global da Massey Ferguson?
É o engenheiro agrônomo paulista, Luís Felli, que há 30 anos ocupa cargos executivos em empresas do agro e há mais de 20 anos também é produtor rural, com fazenda de grãos e gado no Maranhão e cultivando frutas no Vale do São Francisco.
Na participação de Felli no AgLíderes, videocast do AgFeed, ele ressaltou que, apesar do momento desafiador para commodities agrícolas – e para o mercado de máquinas –, a AGCO vem mantendo investimentos em inovação e até expandindo áreas com mais foco em tecnologias. Segundo ele, o Brasil, assim como a Índia e a China, estão se transformando em hubs importantes de engenharia para a AGCO.
Na área digital, a empresa investiu US$ 2,5 bilhões em aquisições, entre elas a da Trimble, e agora possui um pilar de negócios dedicado às soluções de alta tecnologia. A área batizada de PTX oferece produtos de agricultura digital que podem vir embarcadas nas novas máquinas, mas também podem ser usadas como “retrofit” para tratores e colheitadeiras antigas, inclusive dos concorrentes.
Um dos temas em destaque na entrevista foi a visão otimista de Luís Felli em relação ao crescimento da produção de etanol de milho no Brasil, que deve acelerar a chegada do motor à etanol nas máquinas agrícolas.
“Agora nós temos a oportunidade de ter etanol produzido no Cerrado, com milho do Cerrado e sendo consumido no Cerrado. Então você precisa de equipamentos que consumam etanol. A gente acredita que ele vai ser um bom substituto do óleo diesel. Nos próximos dois ou três anos vamos ver o mercado, não só nós, mas também outras empresas, com essas máquinas disponíveis”, afirmou o VP da AGCO.
Sobre o atual momento do mercado, Luís Felli avalia que o setor ainda está no ciclo de baixa, em que o produtor segue cauteloso. Uma virada de ciclo, na visão dele, ainda depende “do próximo evento climático que virá”.
Ainda assim, o executivo acredita que a AGCO deve encerrar 2025 com crescimento nas vendas da América do Sul, entre 5% e 7%. É uma retomada para a empresa que, em 2024, teve queda de receita e prejuízo líquido, globalmente.
O resultado melhor teria sido favorecido pelo primeiro semestre, com maior participação de cultivos como café e frutas, que demandam máquinas de menor potência. O segundo semestre, porém, mostra que grãos seguirão “andando de lado”.
Desde que as vendas de máquinas agrícolas começaram a cair, em 2023, o setor registrou paradas de algumas fábricas. Felli acredita que essa questão “já foi equacionada”, à medida que as empresas não possuem mais os altos estoques e agora produzem de acordo com a demanda do varejo.
Um obstáculo, porém, está marcando 2025 para o agro e para a AGCO: o tarifaço de Donald Trump. Felli contou ao AgFeed que 10% da produção de tratores da empresa no Brasil eram exportados para os Estados Unidos.
“Tem impacto nas plantas, a gente tinha uma produção de tratores que mandava para os EUA, mas paramos. Vamos começar a produzir máquinas para os EUA na França, porque a tarifa da União Europeia é menor que a nossa”, disse.
Segundo ele, houve um ajuste na quantidade dessa linha de produção, mas ela segue operando para abastecer tanto América do Sul como outras regiões como Europa, África, México, Austrália e Nova Zelândia.
Na entrevista você acompanha a visão de Luís Felli sobre as RJs no agro e os efeitos no crédito. Ele descreve como serão as máquinas agrícolas daqui a 10 anos e fala sobre outros pontos importantes para o setor atualmente. Confira a íntegra assistindo ao novo episódio de AgLíderes no YouTube ou no Spotify.