A “tese” da Kepler Weber, que está na bolsa brasileira desde a década de 1980, sempre teve como âncora um dado de realidade: a produção agrícola brasileira cresce e, junto com ela, aumenta o déficit na capacidade de armazenagem das safras no País.
Essa premissa segue forte à medida que a produção ainda cresceu, mesmo nas últimas safras com preços mais baixos e margens mais apertadas.
Na estratégia da Kepler Weber para 2030, a venda de soluções para reduzir o déficit de armazenagem permanece como um dos pilares, que corresponde à atividade “core” da companhia.
Mas há mais opções sobre a mesa. Em entrevista exclusiva ao videocast AgLíderes, o CEO da Kepler Weber, Bernardo Nogueira, detalhou quais as outras duas frentes prioritárias para a empresa.
Uma delas é ampliar a diversificação dos negócios.
“O nosso mercado de armazenagem é mais ou menos de R$ 6 bilhões. E a gente entende que consegue aumentar um pouco o tamanho desse mercado sem fugir da nossa essência”, afirma.
“Por exemplo, não estamos no beneficiamento de café e estamos de forma ainda limitada no beneficiamento de sementes. Com os mercados que são adjacentes ao nosso conseguimos aumentar de R$ 6 bilhões para R$ 10 bilhões”, afirmou Nogueira.
A terceira frente são os novos negócios, principalmente com foco em conectividade e digitalização. A Kepler Weber já possui uma empresa com soluções nesta área que é a Procer.
Segundo ele, já há 2 mil unidades de armazenagem “conectadas”, ou seja, utilizando tecnologias digitais, como IoT, para aumentar a eficiência e o monitoramento das operações destes equipamentos.
Para ampliar o mercado em que atua, o CEO da Kepler diz que está sempre avaliando a possibilidade de M&As (fusões e aquisições) ou crescer de forma orgânica.
Ele admitiu que um “crescimento inorgânico” deve ocorrer ainda em 2025 ou em 2026. Entre as prioridades estariam oportunidades nesta ampliação dos segmentos, como entrar mais forte em café e sementes.
Sobre o atual momento do mercado, de juros altos e margens ainda apertadas, Nogueira disse que a empresa não tem sido afetada como ocorreu em outros ciclos de baixa para a agricultura.
“Os negócios internacionais estão crescendo dois dígitos, reposição e peças estão crescendo dois dígitos. Diferente de 2016 temos o déficit de armazenagem, mesmo com o agro mais retraído, o agro está priorizando armazenagem, que saiu de algo necessário para prioridade”, avaliou.
Financiamento, futuro do agronegócio e digitalização do setor são outros assuntos abordados por Bernardo Nogueira no AgLíderes. Confira a entrevista na íntegra nos canais do AgFeed nas plataformas Youtube ou no Spotify.
Resumo
- CEO da Kepler Weber diz que empresa busca ampliar sua atuação com entrada mais forte em segmentos adjacentes, como beneficiamento de café e sementes
- Com novas frentes, além das soluções de armazenagem, pretende ampliar mercado potencial de R$ 6 bilhões para R$ 10 bilhões
- Bernardo Nogueira afirma que a Kepler avalia fusões e aquisições para acelerar sua expansão, com movimentos estratégicos nos próximos dois anos