Ribeirão Preto (SP) - Torsten Dehner, VP global das marcas Fendt e Valtra, não esconde a animação em estar em mais uma edição da Agrishow. Na AGCO desde 2010 e no cargo atual desde 2021, ele contou à reportagem do AgFeed que sua primeira visita na feira aconteceu há cerca de 10 anos.

De lá para cá, muita coisa mudou na empresa e na agricultura nacional, que viveu anos distintos, e no recorte mais recente, depois de uma “bonança” no início da década de 2020, anos mais difíceis desde então.

Olhando 10 anos para o futuro, Dehner é otimista. “Para a Fendt, o Brasil é o futuro”, disse ao AgFeed em conversa realizada no estande da marca nesta quarta-feira, 30 de abril.

“Dizemos que ‘líderes produzem com a Fendt’, e no Brasil, você encontra muitos desses líderes - não apenas os maiores em tamanho, mas também os com maior ciclo de inovação, maior valorização de novidades. Por isso, o Brasil e a América do Sul são mercados estratégicos muito, muito importantes para a Fendt e para a Valtra”, contou o executivo alemão.

No balanço global, a AGCO, que ainda é dona da Massey Fergusson e PTx, não divide a receita por marca. Da receita global de US$ 11,7 bilhões de 2024 (uma baixa de 19,1% frente a 2023), US$ 1,3 bilhões vieram da América do Sul.

Marcelo Traldi, que é o vice-presidente das marcas para a região, conta, sem citar números, que a Fendt mantém um ritmo de crescimento constante por aqui, diferente da operação global da AGCO.

“Como a Fendt está num processo de expansão, tivemos um pequeno crescimento em 2024, diferente dos anos anteriores que crescíamos dois dígitos. Para 2025, queremos voltar para esse crescimento em dois dígitos”, afirmou.

Segundo ele, as condições climáticas mais favoráveis, diferentes de 2024 quando houve ou pouca ou muita chuva, dependendo da região, a atmosfera do agricultor está melhor. No caso da Fendt, os clientes são os médios, grandes e “muito grandes” produtores.

A companhia traçou um planejamento para dobrar os pontos de atendimento aos clientes até 2030 por aqui. Hoje a companhia conta com 37 lojas, e a expectativa é atingir 73 em cinco anos.

A expectativa é positiva mesmo diante dos extremos climáticos, que tendem a ficar mais constantes, e de uma competição acirrada com marcas já conhecidas como John Deere e Case, que também ganharam competidores asiáticos.

A companhia aposta que os clientes foco, os grandes agricultores, podem tornar as vendas mais resilientes.

“Eu não diria que estamos tentando escapar desses desafios. Eu acho que, na verdade, os líderes — as grandes fazendas, os produtores diferenciados — têm escala e estão abertos a investir em novidades, em inovação. E isso se encaixa muito bem com a estratégia da Fendt e com o DNA da marca”, afirmou Dehner.

Tradicional na Europa, ele conta que a Fendt tem crescido com mais intensidade nas Américas nas últimas décadas. “As Américas são regiões líderes em produtividade e inovação na agricultura. Portanto, são mercados não apenas atraentes, mas também muito recompensadores para nós”, declarou.

E em sua visão, o mercado de máquinas não vai incorporar a indigestão que o mercado de automóveis tem enfrentado com os concorrentes asiáticos, em especial os chineses.

Segundo ele, há uma “forte confiança na marca e no crescimento da Fendt”, o que corrobora o investimento em aumentar os pontos de venda nos próximos anos.

“Trouxemos a Fendt em 2019 para o Brasil com apenas um único ponto de venda próprio, em Sorriso (MT) e, em pouco tempo, já temos mais de 30 pontos, que planejamos dobrar no médio prazo”.

Ele cita que os agricultores conhecem as soluções e o pós-venda, como por exemplo a manutenção das máquinas. “É isso que os líderes brasileiros precisam”.

Com visitas anuais ao País nos últimos 25 anos, principalmente em viagens para polos produtivos nacionais como o Cerrado e na região Sul, o ritmo de viagens ao Brasil deve aumentar para Dehner.