A “volta por cima” da BRF ou o “turnaround” como costuma chamar o mercado financeiro é o maior motivo de orgulho na trajetória profissional do médico veterinário Miguel Gularte, hoje CEO da gigante de proteína animal.
Gaúcho de Bagé, Gularte tem uma carreira consistente no setor, tendo passado por outras gigantes como JBS e Minerva.
O auge de sua história, porém, chegou quando foi o “escolhido” do empresário Marcos Molina, dono da Marfrig, hoje também controlador da BRF, para liderar um plano estratégico audacioso que buscou acima de tudo, o tão repetido por ele “ganho de eficiência”.
Em 2023, a companhia havia registrado um prejuízo de mais de R$ 1,8 bi, já melhor do que o rombo de R$ 3 bi no anterior. A grande virada foi em 2024, com lucro líquido de R$ 3,7 bilhões. A receita atingiu um recorde de R$ 61,4 bilhões.
A grande virada da BRF foi uma das grandes histórias do agronegócio brasileiro nos últimos meses. E é um dos temas tratados pos Gularte na estreia do programa AgLíderes, primeiro produto em vídeo do AgFeed, dedicado a entrevistas exclusivas com os principais CEOs do agronegócio.
Durante quase 40 minutos de programa, Gularte fala de sua trajetória e também analisa os desafios enfrentados pela empresa e pelo setor no momento, como a turbulência causada pelas tarifas de Donald Trump no comércio internacional.
Por diversas vezes ao longo da conversa ele citou o nome de Marcos Molina, que em 2022 teria “encomendado” o plano de ação que, depois de executado, marcaria a virada da BRF.
Na época, os executivos da BRF fizeram uma reunião que durou três dias. Com 90 anos de história e marcas líderes junto ao consumidor, a companhia precisava encontrar a saída para voltar ao positivo nas finanças.
Eles chegaram à conclusão de que seria possível gerar ganhos de R$ 2,4 bilhões em “captura de eficiência”, à medida que negócios em diferentes países passariam a ter mais sinergias e deixar de atuar como “ilhas”.
Miguel Gularte assumiu como CEO em setembro de 2022. “Fomos para orçamento, e aumentamos o desafio para R$ 2,8 bilhões. Quando terminou 2023 tínhamos entregue R$ 3,4 bi em eficiência”, contou ele, no AgLíderes.
Neste início de 2025, o mercado se pergunta se a BRF conseguirá manter o bom ritmo de crescimento registrado no ano passado ou se apenas teria se beneficiado de um momento em todas as empresas do segmento se beneficiaram do aumento das exportações e dos custos mais baixos.
O executivo garantiu que a “melhoria contínua” segue forte na empresa e que não teme eventuais adversidades.
“A BRF segue performando bem num cenário de conjuntura favorável. Se o momento for bom, os efeitos são ainda melhores. Se não for, vamos estar com uma defesa para essa situação”, analisou. “Esperamos um 2025 equilibrado”, acrescentou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com Miguel Gularte ao AgLíderes.
O CEO sinaliza que o foco é seguir performando bem em todos os KPIs, independentemente do cenário. “E não vemos no médio e curto prazo nenhum desafio aparecendo no mercado”.
Uma nova fábrica na Arábia Saudita, anunciada no último dia 21 de abril, é outro destaque da conversa. Miguel Gularte acredita que a diversificação dos mercados globais é um ponto que protege a empresa da conjuntura “bastante confusa”, em meio às tarifas de Donald Trump.
O executivo falou ainda sobre indicadores ESG da BRF, atualmente, respondendo a uma pergunta da FIA Business School, instituição parceira do AgLíderes.
Tendências para o setor, cenário para os grãos e a estratégia de aproximar marcas da Marfrig e da BRF são outros destaques do programa.
A estreia do programa AgLíderes marca os dois anos do AgFeed, que, assim, dá início a uma nova fase, que agrega novos formatos e mídias.
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