“Este ano, é o nosso plano!” Franco Martínez Levis, CEO e cofundador da startup argentina Puna Bio foi direto ao ser questionado pelo AgFeed sobre quando os produtos da empresa devem começar a ser comercializados no Brasil.

O impulso que faltava para que a companhia cruzasse a fronteira acaba de ser dado. Na manhã desta terça-feira, 22 de abril, a Puna Bio divulgou, em conjunto com a gigante americana Corteva, terem fechado uma nova rodada de captação, a segunda da história da agtech platina.

O valor não foi divulgado, apenas que o aporte será feito pela Corteva Catalyst, braço de investimentos lançado pela companhia de defensivos e sementes em março de 2024, com o objetivo de associar sua marca a empreendedores para buscar tecnologias disruptivas.

Segundo comunicado, o investimento liderado pela Corteva em conjunto com outros grupos, “apoiará o desenvolvimento do portfólio de produtos da Puna Bio”.

Participaram também do investimento a firma de VC Dalus Capital, além da At One Ventures, sediada no Vale do Silício, que já havia liderado uma primeira rodada, de US$ 3,7 milhões, realizada em 2022. SOSV, Builders VC e SP Ventures, que já haviam feito aportes há três anos, também repetiram a dose agora

A startup tem uma narrativa e uma proposta únicas no mercado de tratamento de sementes e que ajuda a despertar interesses de companhias como a Corteva. Seu nome vem do deserto de Puna, na argentina, considerado um dos mais altos e secos do mundo – e por isso, um dos ambientes mais desafiadores para a vida na Terra.

Foi lá que os fundadores da startup descobriram e iniciaram as pesquisas com microrganismos extremófilos, que hoje são a base para a produção de insumos biológicos para tratamento de sementes.

A empresa foi criada no final definais do 2019. Levis teve como parceiras na empreitada Elisa Bertini, Maria Eugenia Farias, Carolina Belfiore. “Somos três cientistas e um economista com passado empreendedor”, resume.

De acordo com a empresa, esses produtos “são baseados em soluções naturais que aumentam a absorção de nutrientes, melhoram a tolerância ao estresse e elevam a qualidade dos cultivos”.

“Nossa solução, baseada em bactérias ancestrais de até 3,5 milhões de anos, maximiza a produtividade entre 10% e 15 % em solos férteis e recupera áreas degradadas, muitas vezes ácidas ou salinizadas demais para serem produtivas”, afirma Levis.

“Com a crescente degradação das terras férteis e os padrões climáticos se tornando mais extremos, nossa tecnologia contribui para alimentar o mundo de forma sustentável.”

Com os recursos da primeira rodada, a companhia construiu seu primeiro laboratório e contratou equipes técnicas e comercial.

Segundo a empresa, seus produtos atuais são destinados às culturas de soja, algodão, feijão, trigo e cevada e já foram utilizados em mais de 300,000 hectares portrês campanhas comerciais.

O novo capital deve ser aplicado prioritariamente no desenvolvimento de novos produtos e na expansão de suas operações. Aí, além do Brasil, como apontou Levis, a empresa deve focar nos Estados Unidos e Paraguai. De acordo com o CEO, empresa aguarda apenas a finalização de processos regulatórios.

“Com foco em novas e mais sustentáveis formas de aumentar a produtividade, vemos grande potencial na Puna Bio e sua tecnologia”, disse Tom Greene, diretor sênior em Corteva e líder global para Corteva Catalyst.

Time de fundadores da Puna Bio

“Estamos entusiasmados não apenas com o enfoque único da empresa no desenvolvimento de insumos biológicos, mas também com os sólidos resultados obtidos no campo — que demonstram como é possível aumentar a rentabilidade dos produtores ao mesmo tempo em que promovemos a saúde do solo e a sustentabilidade ambiental.”

A Puna Bio é o segundo investimento anunciado pela plataforma Catalyst. Em setembro passado a Corteva já havia aportado, através da iniciativa, US$ 25 milhões na startup Pairwise, especializada em edição gênica, em seu primeiro negócio com esse tipo de tecnologia.

Além do investimento, Corteva e Pairwise firmaram a criação de uma joint venture de cinco anos, período no qual a investidora poderá utilizar as tecnologias da agtech para acelerar seus próprios esforços de edição genética e melhorar a resiliência das culturas diante de eventos climáticos extremos e mudanças climáticas.

Em uma entrevista concedida ao AgFeed em junho deste ano, Tom Greene, afirmou que a iniciativa possui "caixa" para "acelerar a descoberta e o ritmo da inovação".

Somado a isso, afirmou que está muito atento a parcerias e ao trabalho das startups, "trabalhando realmente para levar os produtos aos agricultores em um ritmo mais rápido". A aposta na Puna Bio é mais uma amostra disso.