A depreciação do real em relação ao dólar no fim de 2024 pesou, mas não foi capaz de derrubar de vez os resultados da FMC, uma das gigantes globais de defensivos agrícolas.

A empresa divulgou na noite desta terça-feira, dia 4 de fevereiro, seus resultados do último trimestre e do ano de 2024 como um todo.

No quarto trimestre de 2024, a companhia registrou uma receita de US$ 1,22 bilhão, aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2023.

O Ebtida (sigla para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado foi de US$ 339 milhões na reta final do ano, crescimento de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.

"O crescimento em volume, principalmente do portfólio de crescimento da empresa, mais do que compensou os ventos contrários cambiais e a queda nos preços", disse a companhia no press release com os números.

A FMC teve um prejuízo líquido consolidado de US$ 16 milhões no quatro trimestre de 2024, queda de 101% em relação ao mesmo período de 2023, quando havia registrado lucro líquido de US$ 1,10 bilhão.

No terceiro trimestre de 2024, a empresa mostrava sinais de recuperação, quando saiu do prejuízo para o lucro, mas não conseguiu manter a tendência.

De qualquer forma, ao longo de todo o ano de 2024, a companhia ainda registrou um lucro líquido, de US$ 342 milhões, porém representando uma queda de 74% em relação a 2023, quando obteve um lucro líquido de US$ 1,32 bilhão.

A receita foi impulsionada no período por um aumento de 15% no volume de vendas, especialmente nos Estados Unidos.

A FMC também reportou ter registrado “vento contrário”, mencionando que "houve um impacto negativo de 5% na receita fruto do câmbio, mais alto que o previsto, principalmente devido ao real brasileiro".

Na América do Norte como um todo, as vendas cresceram 23% no período, assim como na Ásia, onde avançaram 10% e no recorte que combina Europa, Oriente Médio e África (representado pela sigla EMEA), houve alta de 13%.

O problema foi mesmo na América Latina, onde as vendas caíram 10% e, se não houvesse o impacto cambial, segundo a FMC, elas cresceriam 2%.

Com isso, o crescimento como um todo ficou abaixo da projeção da companhia para o período, segundo afirmou Pierre Brondeau, CEO da FMC, no comunicado.

"Embora tenhamos visto um bom aumento no volume, o crescimento ficou abaixo de nossas expectativas, pois descobrimos durante o trimestre que clientes em muitos países buscaram manter estoques significativamente menores do que historicamente", afirmou.

"Essa dinâmica, junto com impactos cambiais mais pronunciados, atuou como um obstáculo para um crescimento adicional", disse.

Apesar de ter aumentado suas vendas no fim do ano, a FMC reportou uma queda de 5% no faturamento total de 2024, fechando o ano com US$ 4,25 bilhões. Se excluído o impacto cambial, as vendas teriam caído 3% na comparação com 2023. O ebtida ajustado também recuou 8%, passando para US$ 903 milhões.

O lucro por ação também recuou. No trimestre, o retorno para os acionistas foi de US$ 1,79 por ação, queda de 101%. No ano, o lucro por ação foi de US$ 3,48, 8% a menos que em 2023.

Os números não foram bem recebidos pelos investidores dos Estados Unidos. Segundo informações do site norte-americano Investing.com, as ações da companhia na Bolsa de Nova York caíram 8,2% nas negociações após o fechamento do mercado, especialmente pelas perspectivas de 2025 mais fracas que o esperado pelos investidores americanos.

Perspectivas para 2025

No primeiro trimestre deste ano, a FMC prevê que a receita deve cair 16% em comparação com o mesmo período de 2024, girando na faixa que vai entre US$ 750 milhões a US$ 800 milhões no período.

"O volume deve ser menor, uma vez que clientes em muitos países continuam reduzindo estoques e as compras estão sendo feitas com cautela por varejistas e produtores em um ambiente de preços mais baixos das commodities", afirmou a empresa.

O Ebtida ajustado também deve recuar no período, ficando em uma faixa que vai entre US$ 105 milhões e US$ 125 milhões.