No dia 11 de março próximo, os acionistas da gigante americana de commodities e alimentos ADM receberão US$ 0,51 para cada ação que mantiverem em suas carteiras.
Quando isso acontecer, a empresa completará 93 anos ininterruptos de pagamentos de dividendos aos investidores.
Esta é, de certa forma, a única boa notícia dada ao mercado pela companhia nesta terça-feira, 4 de fevereiro, data em que divulgou seu balanço do quarto trimestre e o resultado anual referente a 2024.
De resto, os números apresentados estiveram abaixo das expectativas de analistas e mesmo das previsões feitas em guidances anteriores pela empresa.
Além disso, o CEO da companhia, Juan Luciano confirmou o que já se especulava antes mesmo da divulgação das demonstrações financeiras: a ADM vai colocar em execução um plano de redução de custos com foco em cortar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões nos próximos três a cinco anos.
Dentro das medidas já previstas está a demissão de algo entre 600 a 700 funcionários ainda em 2025.
O número parece pequeno para uma empresa que emprega mais de 40 mil pessoas em 140 países, mas indica a disposição da empresa em apertar os cintos em busca da rentabilidade perdida em alguns de seus principais negócios.
"Entramos em 2025 sabendo que precisamos permanecer ágeis para administrar as mudanças nas políticas comerciais e regulatórias ao redor do mundo, juntamente com os impactos relacionados na oferta e demanda geográficas", disse Luciano a analistas em uma teleconferência.
O lucro operacional na sua maior divisão, Ag Services & Oilseed –que engloba as áreas de originação e processamento de grãos, por exemplo – caiu 32% no último trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior e ficou em US$ 644 milhões.
Dentro dessa área, o negócio de esmagamento de grãos viu seu lucro operacional cair quase pela metade (-46%).
Segundo a ADM observou no balanço que “custos mais altos na produção, incertezas sobre biocombustíveis e política comercial levaram a menores margens no processamento na América do Norte."
As receitas também tiveram quedas. No trimestre, ficaram em US$ 21,5 bilhões, 6% abaixo do registrado em 2023.
A soma anual de receitas recuou cerca de 9%, fechando em US$ 85, 5 bilhões.
Diante desse quadro, Luciano tenta agradar o mercado com palavras que investidores costumam gostar de ouvir.
“Manteremos nossa abordagem disciplinada e equilibrada à alocação de capital, incluindo a priorização de investimentos estratégicos seletivos com forte potencial de retorno aos acionistas”, afirmou.
“Em linha com isso, estamos anunciando um aumento de 2% em nosso dividendo trimestral.”
Por enquanto, pareceu insuficiente. As ações da empresa chegaram a cair mais de 4% após a divulgação do balanço, atingindo o menor valor em quatro anos. Depois, tiveram uma leve recuperação, mas fecharam em baixa 2,5%.