O ano de 2025 traz muitas oportunidades e desafios para o agronegócio e, sem dúvida, um dos principais acontecimentos que precisamos dedicar atenção é a realização da COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que será realizada em novembro, em Belém, no Pará.

Pelo menos 50 mil participantes são esperados no evento, de diferentes países no mundo, todos em busca de soluções para enfrentar as mudanças climáticas e suas consequências que já são sentidas por todos nós, de alguma forma.

Como produtora rural, quero me dedicar a esse tema, já que sigo percorrendo o Brasil, participando de importantes fóruns de discussão do agro, além de ao longo de 2024 ter sido presenteada com convites internacionais que me fizeram aprender e refletir ainda mais. Foi o caso, por exemplo, do encontro da FAO, que já mencionei nessa coluna.

Estive também na COP29, que foi realizada em Baku, no Azerbaijão, realizada em novembro do ano passado. Lá acompanhei painéis com representantes dos setores públicos e privados de diferentes países.

Eram temas relevantes, mas preciso confessar que foi impossível não sair com a impressão de que a teoria predomina. Por diversas vezes me questionei: quando as ações concretas chegarão a cada um de nós? Quando, de verdade, estaremos unidos na questão climática sem que haja essa tradicional visão equivocada de que o agro e o meio ambiente estão em campos opostos?

Tive ainda o privilégio de ver de perto a área destinada aos negociadores dos governos. Lá realmente o debate parecia mais intenso e a sensação é de que medidas mais práticas – e menos teóricas – poderiam vir à tona. Mas foi só a sensação. Voltei de lá com a expectativa de que no Brasil, na COP30, possamos fazer a diferença.

Nós, produtores rurais, temos sofrido com adversidades climáticas e os exemplos são muitos como o auge das queimadas no Sudeste e as terríveis enchentes vistas no Rio Grande do Sul, em 2024. Portanto, sim, estamos preocupados em relação ao tema, apenas não concordamos com aqueles que acreditam que o agro é a origem do problema. Na maioria dos casos somos, na verdade, a solução.

Esperamos que a transição energética seja um dos temas de destaque da agenda da COP30. Temos eficiência tecnológica para produzir biocombustíveis que reduzem e muito as emissões na comparação com os fósseis. Temos práticas agropecuárias sustentáveis que, se ampliadas e estimuladas, podem ajudar a capturar mais carbono no solo, enquanto garantem mais eficiência na produção de alimentos e fibras.

Um ponto positivo que precisamos destacar é a escolha do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da COP 30. Trata-se de um diplomata especialista em sustentabilidade, que já representou o País em importantes nações como Inglaterra e China. E sempre dialogou de forma aberta com os produtores rurais. Acredita, de fato, nas questões cruciais do debate, como o papel do Brasil com sua “agro” energia para acelerar a transição energética do planeta.

Os desafios não são poucos. A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a distância do presidente Donad Trump em relação ao tema estão entre os maiores obstáculos. Ainda assim, acredito que a COP 30 é a grande oportunidade para o agro e para todos os brasileiros.

Precisamos mostrar que na Amazônia estão famílias de pequenos produtores que podem ser grandes aliadas na preservação da floresta. Ao mesmo tempo, destacar que a agropecuária sustentável já é uma realidade e só precisa de mais incentivos para seguir expandindo. Da teoria à prática, é o que desejamos.

Teresa Cristina (Teka) Vendramini é fazendeira, socióloga e conselheira da Embrapa. É ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).