Os números positivos de exportação das proteínas brasileiras no terceiro trimestre deste ano, confirmados pelos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), trazem um cenário favorável para as empresas do setor, segundo o Santander.
Em relatório assinado pelos analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata, o banco afirma esperar resultados "potencialmente fortes" para os frigoríficos brasileiros no terceiro trimestre deste ano.
A JBS se destaca como a principal recomendação dos analistas para o período. Os papeis da empresa foram mantidos como “outperform”, ou seja, tendem a se valorizar em 51% já que o preço-alvo de R$ 49 por ação (hoje são cotados a R$ 32,44).
“Permanecemos otimistas em relação ao momento positivo dos lucros da JBS”, diz o Santander.
A empresa vem embalada para o terceiro trimestre após um número bastante positivo no segundo trimestre, quando registrou um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão – uma fotografia bem diferente do mesmo período do ano passado, momento em que a JBS apresentou um prejuízo de R$ 264 milhões.
Mas o momento não é favorável apenas para a companhia dos irmãos Batista. O Santander também vê um trimestre de resultados positivos para Minerva, BRF e Seara, subsidiária da JBS,
No lado das aves, a instituição espera que o bom momento do setor continue, puxado por três fatores, segundo o banco: preços de exportação mais altos, real mais desvalorizado e um cenário de custos mais favorável.
O banco destaca que os preços de exportação das aves alcançaram uma média de US$ 2/kg, valor 9% superior na comparação trimestral e 5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A alta dos preços parece ter compensado a queda de 3% no volume total de comercialização. A retração nas exportações, segundo o Santander, está relacionada ao caso da doença de Newcastle, que não era registrado no Brasil desde 2006.
Em julho passado, um foco da enfermidade foi identificado em uma granja no Rio Grande do Sul, resultando em restrições às exportações de frango brasileiro.
Como os principais países importadores - China, Emirados Árabes, Japão e Arábia Saudita - estão pagando preços mais altos pelo frango brasileiro na comparação trimestral, os analistas dizem acreditar em um terceiro trimestre positivo para BRF e Seara, pelos preços altos e também "em virtude do cenário de custos estar atrativo” e “os volumes robustos”.
Na carne bovina, situação contrária: o volume exportado cresceu impressionantes 31% na comparação anual, enquanto os preços se mantiveram estáveis na comparação trimestral e até caíram em relação ao mesmo período do ano passado, registrando uma queda de 3%.
A China continuou sendo o principal comprador, com 52% de participação de mercado no período, ante 47% no segundo trimestre deste ano. Só que o apetite dos americanos está fazendo a diferença neste momento.
No terceiro trimestre, os Estados Unidos importaram mais carne brasileira e pagaram a mais por isso: o volume cresceu 56% no período em relação ao trimestre anterior e o prêmio pago foi de 6% acima da média dos preços de mercado.
"Destacamos que os EUA aumentaram suas compras mesmo após esgotarem a cota tarifária reduzida (de aproximadamente 65 mil toneladas) no primeiro trimestre de 2024, o que sugere que o país está buscando ativamente fontes alternativas para atender sua demanda, devido à queda no ciclo de pecuária local", afirmam os analistas do Santander.
Com essa conjuntura, o Santander espera um terceiro trimestre positivo para a Minerva, "que deverá se beneficiar de preços mais elevados em reais e volumes fortes, o que deve compensar o aumento dos preços do gado no Brasil.”
No mercado de carne suína, o Japão, responsável por 8% das compras, continua pagando prêmio de 40%, pagando uma média de US$ 3,4/kg no terceiro trimestre, um aumento de 6% em relação ao trimestre anterior.
O Santander destaca ainda o avanço da demanda das Filipinas, que aumentou para 22% sua participação no mercado brasileiro de exportação de suínos, ante 13% no segundo trimestre deste ano.
Por outro lado, o banco diz que a China tem reduzido suas compras de suínos “de maneira consistente”, conforme vai diversificando suas fontes de abastecimento.
De acordo com o relatório, as ações de Minerva e BRF foram mantidas na condição “neutral”, ou seja, até pode haver leve desvalorização, mas o banco não recomenda venda. Os preços alvo para as duas companhias estão em R$ 7 e R$ 28, respectivamente.