Rio Verde (GO) - O município de Rio Verde, localizado no sudoeste do estado de Goiás, vive para e do agronegócio, segundo descreve o prefeito Paulo Vale. Por isso, quando começaram as estimativas de perda de produção de soja por conta de eventos climáticos extremos no final do ano passado, a cidade começou a se preparar para uma queda brusca na arrecadação.
Mas com a ajuda das chuvas que ocorreram entre o final de 2023 e começo de 2024, as perdas na produção de soja, inclusive em Goiás, foram menores do que se esperava até outubro. E Rio Verde é um exemplo prático desse contexto.
“Em outubro e novembro, esperava-se uma perda de 12% na produção de soja em Rio Verde. Isso teria um impacto de R$ 500 milhões na arrecadação de impostos do município até o fim da safra 23/24. Mas com as chuvas, nós tivemos menos áreas de colheita precoce, e agora estamos projetando uma perda de R$ 200 milhões”, afirmou Vale em entrevista concedida durante a Tecnoshow, feira de tecnologia agrícola promovida pela cooperativa Comigo.
A expectativa é que os produtores localizados em Rio Verde fechem a safra atual produzindo 1,8 milhão de toneladas de soja e 2,5 milhões de toneladas de milho. “Como temos visto condições climáticas mais favoráveis, acreditamos que teremos uma produção normalizada no milho”, afirma o prefeito.
O prefeito conta que em termos estatísticos, o agronegócio responde por cerca de 22% do PIB de Rio Verde. Mas na prática, a cidade gira em torno do setor.
“Esse é o número frio. Porque eu sempre digo que sem o agronegócio, nós não teríamos movimentação de comércio, de serviços. É o que faz a cidade se movimentar e crescer”, diz Vale.
Segundo o prefeito, o grande salto econômico dado por Rio Verde também tem relação direta com a produção agrícola. O terminal ferroviário da Rumo, inaugurado em 2021, gera muitos empregos.
“Na inauguração, eu fiz uma projeção de 10 mil empregos gerados pelo terminal. Mas depois de quase três anos, já são mais de 15 mil vagas. Já foram mais de 30 milhões de toneladas de soja e farelo transportados pela ferrovia”.
Em agosto de 2022, a Rumo inaugurou um terminal voltado para fertilizantes em Rio Verde. O terminal tem capacidade de transportar 1,5 milhão de toneladas por ano. Segundo o prefeito, pela alta demanda, o cronograma de ampliação deste terminal será antecipado.
“Na inauguração, a estimativa era realizar essa ampliação em 2027. Mas será realizado pela Rumo ainda este ano”, afirma Vale.
O prefeito lembra que a cidade vai ganhar um novo centro de distribuição de combustíveis, inaugurado em fevereiro pela Petrobras.
“Hoje, toda a logística de combustíveis em Goiás é concentrada em Senador Canedo. Agora, vamos ter 50% desse volume, o que vai baratear o preço para o consumidor final na região”, afirmou.
Outra iniciativa relacionada ao agronegócio, que conta com o apoio do governo do estado, é a formação de um cinturão verde na região.
“É uma forma de apoiar os pequenos produtores. Hoje, as cidades em torno de Rio Verde compram R$ 200 milhões por ano em hortaliças e frutas de outras regiões. Queremos transformar isso em renda para os agricultores locais”, afirma o deputado estadual Lucas do Vale, que é filho do prefeito.
Segundo Paulo do Vale, somente em Rio Verde, essas perdas com a “importação” de hortifruti totalizam R$ 85 milhões por ano.
Sobre a Tecnoshow, o prefeito afirma que a feira promovida pela Comigo tem uma grande relevância econômica para a economia da cidade.
“A feira gera cerca de 18 mil empregos temporários e gera R$ 80 milhões para a cidade. Os efeitos não acontecem somente na semana da feira. Tem toda a montagem da estrutura antes, e depois também tem muito trabalho a ser feito”.
Vale afirma que a capacidade hoteleira da cidade fica completamente tomada, mas mesmo fora da época da Tecnoshow, a cidade tem conseguido manter uma ocupação acima de 80%. “Começamos a promover um circuito agro, que tem atraído muitos turistas”.