Os números sobre recuperação judicial de produtores rurais e empresas do agronegócio em 2023 vêm impressionando vários agentes que acompanham o setor e preocupando o governo.

Nesta segunda-feira, durante a abertura da Tecnoshow Comigo, em Rio Verde, Goiás. o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, voltou a se posicionar sobre o tema.

“Nós temos que combater o uso indiscriminado da recuperação judicial por empresas do agronegócio. É um instrumento legal e legítimo, mas que deve ser utilizado dentro dos parâmetros que são previstos em lei”, afirmou o ministro.

Fávaro ressaltou situações que não podem se enquadrar em uma recuperação judicial. “Cooperativas não podem recorrer a esse instrumento, já que elas são uma entidade que representa os produtores rurais associados com a formação de uma Pessoa Jurídica. Alienação fiduciária também não se enquadra”.

Alienação fiduciária é mais comum em financiamento de máquinas e veículos, em que os bens ficam alienados ao banco financiador até a quitação do valor.

O ministro também tratou de uma nova vitória no campo da habilitação de exportações para a China. Ele destacou que o governo conseguiu, na última madrugada, habilitar sete plantas que produzem soro fetal bovino. “Destas sete, três ficam localizadas em Goiás”, disse Fávaro.

O soro é a fração líquida do sangue bovino coagulado, e no caso do soro fetal, ele é utilizado como um suplemento para estimular o crescimento celular.

O ministro também abordou o seguro rural, um tema ainda mais sensível quando se tem uma quebra de safra por eventos climáticos, como aconteceu principalmente com a soja no período 2023/2024.

“Nós já fizemos um trabalho de convencimento político dentro do governo, e estudamos uma mudança envolvendo o Proagro. No ano passado, o Proagro teve R$ 10 bilhões, e o seguro teve R$ 1 bilhão. Pretendemos tirar até R$ 3 bilhões do Proagro e passar para o seguro rural”, contou Fávaro.

Sobre o Plano Safra 2024/2025, o ministro só adiantou que o valor destinado será maior que os R$ 440 bilhões da safra 2023/2024, sem dar maiores detalhes.

O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luiz Gustavo Lage, revelou que a instituição financeira vai atingir, nesta semana, R$ 170 bilhões em recursos liberados dos R$ 240 bilhões orçados para 23/24. “Isso representa um crescimento superior a 10% em relação ao que realizamos até o mesmo período do ano passado", diz Lage.

O executivo do BB ressaltou também a atuação no estado de Goiás. “Aqui, nós estamos chegando próximos a R$ 50 bilhões em carteira de crédito rural. Na safra atual, foram R$ 23 bilhões desembolsados no estado”.

Rio Verde "capital" do estado

Para ressaltar a relevância da Tecnoshow, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, transferiu a sede administrativa para a cidade durante a realização da feira.

O governador ressaltou os investimentos que têm sido realizados em infraestrutura, especialmente em rodovias do estado, para suportar a crescente produção agrícola. “Nós estamos reconstruindo e construindo milhares de quilômetros de estradas, inclusive para suportar carretas pesadas”.

O presidente do Conselho de Administração da Comigo, Antonio Chavaglia, comemorou a ampliação da feira em 2024.