A startup norte- americana MeliBio, que desenvolve um mel sem a necessidade de abelhas, acabou de lançar seus primeiros adoçantes plant-based na Europa.

Os produtos, que chegarão em cerca de 75 mil lojas no continente e serão vendidos sob a marca “Just Veg”, da rede alemã de supermercados ALDI!, nas lojas Hofer na Áustria e na Suíça, e sob a marca Better Foodie no Reino Unido.

Essa é a primeira parte do projeto de expansão da empresa, que engloba um contrato de quatro anos e US$ 10 milhões com as vendedoras.

O “mel” possui uma formulação à base de plantas, com 80% de frutose e glicose e 18% de água. Os 2% restantes ficam com uma mistura de extratos vegetais.

De acordo com o CEO da empresa, Darko Mandich, as primeiras versões do produto são, além de 100% vegetais, inspiradas no mel de trevo light e no mel de acácia.

Mandich, empresário sérvio e entusiasta do segmento, criou a empresa em 2020 junto com o biólogo molecular Aaron Schaller, que é CTO da startup.

A MeliBio já vende seus produtos nos EUA através de sua própria marca “Mellody”. Por lá, o produto é vendido para serviços de alimentação e canais diretos ao consumidor, o produto é descrito como “mel à base de plantas” e tem uma formulação ligeiramente diferente.

Mandich explicou ao AgFunder News, veículo de comunicação do AgFunder, que nos Estados Unidos, a empresa utiliza trevo vermelho, jasmim, maracujá, camomila e amora, juntamente com ácido glucônico e sabores naturais.

“Também estamos trabalhando em uma tecnologia proprietária de fermentação de precisão que replica mais de perto o processo enzimático que as abelhas usam para converter o néctar em mel. Uma abordagem 100% vegetal não funciona para todos os tipos de mel e o produto vegetal não é 100% idêntico ao mel produzido pelas abelhas”, explicou o CEO.

Esse momento de expansão dos negócios começou em 2022, quando a empresa levantou uma rodada de financiamento de US$ 5,7 milhões. Na época, a ideia da empresa era usar os recursos justamente para lançar a primeira linha comercial e melhorar a tecnologia.

Essa rodada foi liderada pela Astanor Ventures com a participação dos investidores Big Idea Ventures e 18 Ventures, que já haviam aportado na empresa antes, e de novos investidores como a Skyview Capital, XRC Labs, Collaborative Fund, Midnight Venture Partners, Alumni Ventures, Siddhi Capital, Climate Capital Collective, Red Bridge Ventures, VegCapital, HackVentures e investidores anjos dos grupos Vevolution e GlassWall Syndicate.

Em 2021 a empresa havia levantado uma rodada pré-seed de US$ 850 mil. Entre as rodadas e outros aportes menores, o financiamento total da MeliBio até o momento chega a US$ 7,2 milhões.

Ao AgFunder, o CEO comentou que planeja encerrar uma rodada série A no primeiro semestre de 2024. Atualmente, a MeliBio produz cerca de 10 mil libras (pouco mais de 4,5 mil quilos) por dia de mel vegetal.

Mas por que fazer mel sem abelhas? De acordo com a empresa, um dos fatores é uma simples economia.

A MeliBio vê que, ao mesmo tempo em que a demanda por mel aumenta, as populações de abelhas estão diminuindo por conta de vírus, parasitas, agentes patogênicos bacterianos e fúngicos e às alterações climáticas. Isso, de acordo com o CEO, cria uma oportunidade para alternativas veganas.

“Em 2012, quando trabalhava numa empresa de mel, pagávamos aos apicultores cerca de 50 cents de euro por quilo do mel. Hoje, na Europa, alguns apicultores recebem 20 vezes mais. Essencialmente, o mel se tornará cada vez mais premium e menos acessível”, comenta.

Para o futuro, ele projeta uma demanda ainda existente pelo mel feito por abelhas, mas crê que, em 10 anos, o produto final será uma espécie de presente artesanal caro, feito apenas para ocasiões especiais.

“As pessoas poderão pagar US$ 100 por pote no mercado do fazendeiro, enquanto os mercados tradicionais serão abastecidos por empresas como a MeliBio”, acredita.

Outro ponto é que a profissão apicultor está se tornando cada vez mais escassa na visão de Mandich. Ele cita que na Sérvia, seu país natal, a idade média desses profissionais é de 58 anos, com os filhos não assumindo os negócios.

Outro argumento pró mel plant-based está na biodiversidade e na sustentabilidade. Segundo o CEO, embora existam milhares de espécies de abelhas que podem polinizar diferentes plantas, há apenas um punhado de variedades de abelhas geridas, que são criadas para alta produtividade e polinizar apenas plantas selecionadas.

“Isso reduziu o pool genético e aumentou a suscetibilidade a doenças e mortes em grande escala”, afirmou Mandich. “Além disso, todas as abelhas são susceptíveis às alterações climáticas, à perda de habitat e ao ataque de pesticidas”.