Em quatro anos de vida, a WBGI, Venture Builder de Piracicaba, interior de São Paulo, especializada no agronegócio, já soma R$ 10 milhões aportados em cerca de 15 agtechs.

Os investimentos realizados de 2019 pra cá não ficam restritos aos cheques, que variam entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, enviados às companhias.

Como explicou um dos sócios da WBGI, João Blasco, ao AgFeed, além do aporte financeiro, a iniciativa presta diversos tipos de consultoria, capacitação e operação para as agtechs aportadas, como apoio em marketing, suporte jurídico, planejamento financeiro e comercial e de inteligência de mercado.

“Dinheiro por si só nem é o maior valor que entregamos, e sim esse ‘tempo’. Tem muitas empresas que ajudamos até a criar o CNPJ”, diz.

Dentre as teses aportadas estão plataformas de gestão de risco, projetos de climatologia, irrigação e bionsumos. Essa última, inclusive, é a grande aposta da WBGI para os próximos anos.

Nesse olhar forte para a biotecnologia, a WBGI observa muitas soluções voltadas para o melhoramento e edição gênica, bem como melhoramento de sementes. “Estamos de olho em algas para criação de bionsumos e abelhas como controle biológico”. comenta.

Além disso, Blasco disse que essa tese ganha mais força, já que o Brasil é um exportador de biotecnologia, e citou a venda da Biotrop por R$ 2,8 bilhões para a Biobest, concluída nesta semana, como exemplo.

“Biotecnologia é um tema que muitos fundos - e até as iniciativas da Faria Lima em se aproximar do campo - têm dificuldade de analisar. O mercado lá de fora tem olhado com interesse para esses temas no Brasil, algo que valida nossa tese”, comentou o sócio da WBGI.

A aposta em biotecnologia não é nova. O primeiro aporte da WBGI, feito em 2019, foi na Ideelab, uma startup que atua exatamente com esse tipo de solução.

A companhia foi fundada por um professor da Esalq, a unidade da USP de Piracicaba, mesma cidade da WBGI. A Esalq também é importante na trajetória da Venture Builder, já que o próprio Blasco é formado lá e muitas das iniciativas aportadas pela companhia saem de alunos, ex-alunos e professores de lá.

Na Ideelab, de bioinsumos, um professor referência na área de fitologia tinha uma ideia de negócio e queria desenvolver produtos e uma área de pesquisa e desenvolvimento na área, algo que já fazia por fora enquanto pessoa física.

A WBGI colocou R$ 500 mil por 10% do negócio, e começou sua empreitada. “Construímos o primeiro laboratório no parque tecnológico de Piracicaba e o negócio foi caminhando. Conseguimos passar pela pandemia sem muitos problemas”, diz.

Nesse momento, outro sócio da WBGI, Uriel Rotta, fez uma ponte entre a Ideelab e a Inquima, uma fabricante brasileira de foliares que em 2022, fez um aporte de R$ 15 milhões na startup.

Esse aporte serviu para construir uma nova fábrica, que, segundo Blasco, deve ser finalizada neste ano. Para o futuro, a WBGI já atua para buscar um investimento na casa das centenas de milhões.

“Não vendemos nossa participação e somos conselheiros atualmente. A Ideelab trabalha numa rota para entrar com força no mercado e trazer algo disruptivo”, comentou João Blasco.

Para o futuro, Blasco revela que a WBGI estuda a possibilidade de abrir o fundo para outros investidores.

“Criamos nesse tempo um bom relacionamento com universidades como Unesp, UFscar, UFSM, além da própria Esalq. Diante disso, temos interesse em entrar em novas agtechs e dobrar o investimento que já fizemos com um ou outro investidor em iniciativas que já estamos”, comentou.