Há uma nova caravela navegando pelo mar dos Fiagros. Capitaneada pela Inter Asset, a gestora do banco mineiro Inter, ele tem a bordo a norte-americana AMERRA Capital Management e a Oriz Partners, especializada na gestão de patrimônio.
O primeiro Fiagro da Inter nasce com R$ 55 milhões mas com as velas cheias para navegar mais longe. Segundo o CEO da empresa, Daniel Castro, a parceria já vislumbra um follow-on, ou seja, aumentar o tamanho do fundo e oferecer novas cotas a investidores.
O fundo de estreia será do tipo FII. Nessa modalidade, aloca os recursos em imóveis rurais e CRAs, LCAs ou CRIS focados no agro. De acordo com os responsáveis, a diversificação é o lema.
“Haverá investimentos tanto em grãos (soja, milho, algodão), quanto açúcar e etanol, em frutas, vegetais, entre outros”, afirmou Pedro Kessler, diretor-executivo da AMERRA.
“E em cada complexo, existem as verticais - fornecedores de insumos, produtores e processadores de produtos agropecuários, trading, serviços de armazenagem e logística, dentre outros – que também são diversas. Cada tipo de investimento pode compor, no máximo, 10% do fundo”, complementa.
O fundo é fechado ao varejo, portanto a negociação das cotas acontece apenas no mercado secundário. A Inter Asset atua como gestora do produto, a AMERRA como consultora e a Oriz participa como coordenadora.
Basicamente, enquanto a primeira é o especialista da parte financeira, a segunda entra com a expertise do agro e a terceira com o público-alvo do fundo. Isso porque a Oriz é uma gestora de Wealth Management, ou seja, fornece serviços de gestão financeira e de patrimônio.
De acordo com Rafael Prudente, sócio-diretor responsável por ofertas públicas na Oriz, a empresa possui cerca de R$ 2,5 bilhões sob gestão em menos de um ano de vida.
“A consultoria aprofundada da AMERRA e a experiente gestão da Inter Asset trouxeram solidez para o produto, o que contribuiu para o resultado da captação”, afirmou Prudente.
Do lado da AMERRA, a empresa acumula US$ 5,7 bilhões em investimentos já realizados desde 2009, sendo US$ 1,9 bilhão alocados no Brasil, 33% do total.
Até então, a captação da AMERRA estava concentrada nos EUA. “Não temos a estrutura administrativa para captar no Brasil, por isso não entrávamos nos investidores brasileiros. Essa parceria complementa essa ponta. Juntos, poderemos estruturar ativos para o mercado brasileiro”, comentou Kessler.
A ideia de estruturar um fundo em conjunto nasceu há dois anos. Segundo o CEO da Inter Asset, a discussão com a AMERRA começou para entender como trabalhar um produto desse tipo.
“O Inter sempre foi forte no varejo e entendemos que precisávamos de algo além”, comentou Castro. Com a expertise em agro da AMERRA, era preciso buscar alguém para dialogar com os investidores. Foi aí que a Oriz entrou na jogada.
Segundo Prudente, da Oriz, Pedro Kessler, da AMERRA, foi o grande cupido dessa relação, pois ele conhecia os dois players e fez a ponte da parceria.
“Ao saber que a AMERRA estaria junto com o pessoal da Inter Asset, tomamos confiança no negócio. Tem muito Fiagro feito por gente que não entende de agro, porque não é um setor fácil de trabalhar”, explicou Prudente.
Na gestora Oriz, o investimento indicado a seus clientes é feito também pela própria estrutura da gestora, numa forma de passar confiança no negócio.
O momento de lançar o Fiagro também foi estratégico, segundo os parceiros. Daniel Castro comentou que o primeiro trimestre foi desafiador para o mercado de renda fixa, principalmente após a divulgação dos problemas na Americanas e na Light, já que os credores passaram a ficar mais exigentes e restritivos.
Somado a isso, uma indefinição natural dos primeiros meses do novo governo também deixou o mar não tão propício assim para peixes.
Passado o primeiro semestre de 2023, o mercado já passou a ver uma queda da Selic no horizonte, o que aquece o mercado.
“O fato de virmos ao mercado com esse fundo agora já nos permite planejar um follow-on logo em seguida. Existem investidores que gostam de esperar para entrar no investimento”, comentou.
A ambição é grande. Para além das novas cotas, o CEO vislumbra atingir cifras bilionárias no fundo, mas garante que não tem pressa para buscar essa marca.
No que volta para o acionista, os parceiros do fundo esperam uma remuneração em torno de CDI +4%. “Queremos que o produto seja demandado pelo mercado”, finaliza.