Se para dentro da porteira o agro do Brasil pode se orgulhar de diversos pioneirismos tecnológicos e uma produção a dar inveja a outros países, do lado de fora, existe um caminho esburacado a percorrer.

Pensando em solucionar problemas logísticos da cadeia produtiva, a startup Strada, que integra as interfaces e pontos de conexão da cadeia logística rodoviária foi criada no final do ano passado.

A Strada nasceu da união da Carguero, plataforma digital de soluções integradas para a logística, com o Tip Bank, instituição de pagamento voltada para o frete rodoviário. Fundada no final do ano passado, a empresa já iniciou suas operações como a maior logfintech do agronegócio brasileiro.

Nas palavras do CEO, Rodrigo Koelle, a Strada é uma rede de inteligência que conecta o produtor rural, o dono da carga, a transportadora, o motorista e com todos os stakeholders do processo, como postos de combustível, lojas de conveniência e lojas de autopeças.

”Recebemos uma informação sobre a origem e destino de um transporte, e vamos gerar valor ao longo dessa conexão, encontrando o transportador adequado, o motorista correto, e fazendo essa jornada até a entrega da mercadoria, bem como a gestão financeira”, afirmou Koelle.

Um desafio tão grande como resolver problemas de logística no agro brasileiro precisa de muita tração. No caso da Strada, seus quatro “pais”, a Amaggi, a ADM, a Cargill e a Louis Dreyfus, colocaram confiança no negócio.

“Foi um M&A complexo, pois envolveu players grandes como ADM e Amaggi”, afirmou o CEO ao podcast Rural Ventures, apresentado por Fernando Rodrigues, CEO da Rural Ventures, e Kieran Gartlan, sócio e responsável pela operação no Brasil da Yield Lab, gestora americana especializada em fundos para investimento em agtechs e foodtechs.

Além disso, a carreira do CEO também ajudou. Rodrigo fez carreira no agronegócio, justamente do lado de fora da porteira. Formado em agronomia na Esalq/USP em 1997, virou trainee da Cargill em 2000, onde atuou dentro da área de supply chain e logística. Lá ficou até 2022, quando foi para a Strada.

Durante esse tempo de Cargill, morou em Campo Grande, Rio Verde, Primavera do Leste e, em 2010, mudeou-se para São Paulo, onde assumiu a logística nacional da Cargill. Foi nessa etapa, em meados de 2019, que conheceu a Carguero, uma investida da Amaggi.

Em números, a Strada embarca uma média de 3,5 mil caminhões por dia, com dias de pico que chegam aos 5 mil. O CEO ainda ressaltou que o número de solicitações é geralmente o dobro do que é de fato embarcado.

No mar das mais de 310 milhões de toneladas de alimentos produzidos pelo Brasil, a startup é responsável atualmente pelo transporte de menos de 14% deste total.

Os quatro sócios gigantes da empresa ajudam na tração. Koelle estima que 70% dos embarques são destinados a operações da ADM, Cargill, Amaggi e LDC, mas a meta é trazer esse número para 30%. “Os grandes clientes fazem a roda girar, mas queremos ir além”, comentou.

Até por essa paternidade, a empresa ainda não recebeu nenhum aporte adicional, mas o CEO garante que “está sempre de olho em oportunidades”.

Além de mudar o perfil de sua cartela de clientes, o executivo projeta partir para empresas industriais que não são do agro e até iniciar operações fora do Brasil entre 2025 e 2026. Para ele, este ano e o próximo servirão para consolidar a marca por aqui.