Criada em 2021, a MAV Capital é uma jovem gestora. Por trás da marca, porém, existem décadas de experiência no agronegócio e um dos mais imponentes sobrenomes do setor: Ometto.
A holding Aguassanta, que controla o grupo Cosan – conglomerado que tem os Ometto como principais acionistas – é dona de 30% da empresa, que, não por acaso, tem no setor sucroenergético uma fatia relevante de seus negócios.
Na MAV, que tem um total de R$ 250 milhões sob gestão, o momento é de impulsionar a captação de recursos e as operações de crédito ainda este ano, principalmente com o lançamento de novos fundos. E, para isso, chegaram reforços.
“Hoje temos 20 operações de crédito contratadas, e para chegar a este número, temos mais de 100 empresas que olhamos e analisamos constantemente”, afirma Gabriela Chiste, que recentemente assumiu a diretoria de gestão de risco e crédito da MAV. Ela já foi presidente do Desenvolve SP, banco de fomento do estado de São Paulo.
Outro que chegou recentemente à gestora, Felipe Celidonio, que já passou por BR Partners e XP Investimentos e é responsável pela área de gestão de ativos, diz que o ano será movimentado no lançamento de novos fundos.
“Temos no radar fundos a serem lançados para chegar a R$ 750 milhões sob gestão até o fim do ano. E acreditamos que podemos gerar cerca de R$ 300 milhões em novas operações de crédito só para as empresas agro”, diz Celidonio.
Segundo Chiste, com esse potencial de captação de recursos, a ideia é mais que dobrar o número de operações atualmente contratadas. O fundo mais próximo de ser lançado não será, no entanto, exclusivo para o agronegócio e terá um nível de risco maior.
“Ele será composto por créditos concedidos a empresas que acabaram de sair de recuperação judicial, por dívidas entre empresas que compramos com desconto. Pretendemos captar cerca de R$ 60 milhões, e imaginamos que cerca de metade vá para o agro”, diz Celidonio. Este fundo deve sair em até 45 dias.
Haverá ainda mais dois fundos que podem chegar até a R$ 250 milhões cada um. A MAV planeja um outro lançamento, voltado para pequenos investidores, no segundo semestre.
“Como nossa atuação é principalmente com investidor institucional, estamos trabalhando esse de varejo. Pode haver até um adiamento. Mas estamos negociando a distribuição, inclusive com o Itaú”, conta o responsável pela área de gestão da MAV.
Segundo Gabriela Chiste, o momento é mais delicado quando se olha o cenário de crédito em geral. O agronegócio, diz, não fica imune às dificuldades. “Mas com os bancos mais restritivos, abrem-se oportunidades para nós”.
Celidonio afirma que o ambiente atual mudou inclusive a percepção das empresas sobre o custo do dinheiro. “Antes, se eu chegasse para uma empresa com uma operação custando CDI mais 6% ao ano, eu seria até xingado. Hoje, o setor aceita esta taxa sem problemas”.
Na ponta do investidor, os rendimentos variam de acordo com o nível de risco, ficando entre 3% a 8% mais o CDI. “Neste fundo mais arriscado, o retorno pode chegar a CDI mais 10% ao ano”, afirma o gestor.
Em relação aos segmentos dentro do agronegócio, além da participação de 33% das empresas sucroalcooleiras, o crédito originado pela MAV atende principalmente produtoras de grãos, empresas de defensivos e fertilizantes e revenda, segundo Chiste.
“Temos como premissa básica a diversificação. Nos fundos, os três maiores ativos não podem passar de 20% do patrimônio, somados. No crédito, também evitamos concentrar em poucas empresas de ticket médio muito alto”, explica a diretora da MAV.