A gigante global de fertilizantes Yara sempre foi conhecida pela forte atuação nos nitrogenados que, tradicionalmente, utilizam o gás natural como matéria-prima, mas a empresa vem passando por diversas transformações.
A principal mudança é o esforço para substituir o insumo de origem fóssil – com alto índice de emissões de gases de efeito estufa – por matérias-primas “verdes”, capazes de contribuir para descarbonização.
No Brasil, o caminho escolhido para produzir fertilizantes de baixo carbono foi usar o biometano, um gás oriundo de resíduos, principalmente do setor sucroenergético, para produzir a chamada amônia verde, ou amônia renovável, que é base para produzir nitrogenados.
Em entrevista exclusiva ao AgFeed, durante mais um episódio do videocast AgLíderes, o presidente da Yara Brasil, Marcelo Altieri, voltou a defender o projeto.
Explicou, porém, que um “gargalo” importante ainda limita a expansão deste pilar de negócio: é a oferta limitada de biometano, causada pela falta de uma conexão das empresas que geram o gás renovável (usinas sucroalcoleiras, principalmente) com gasodutos capazes de levar o produto até a fábrica da Yara.
Em dezembro de 2024, a companhia norueguesa inaugurou sua produção de amônia a partir de energia renovável na unidade de Cubatão (SP). O biometano que chega à unidade da Yara é proveniente de outra gigante do agronegócio, a Raízen, do grupo Cosan.
Os volumes, no entanto, ainda estão longe do potencial que o segmento apresenta. Altieri destacou que dos 45 milhões de toneladas de fertilizantes que o Brasil consome, cerca de 13 milhões são nitrogenados.
“Hoje com o acesso ao biometano que temos podemos produzir entre 30 mil e 40 mil toneladas (de fertilizante renovável) por ano, o que não é muito, mas é uma escala comercial importante”, explicou Altieri.
“Gostaríamos de ter mais acesso ao biometano, tem que acontecer um investimento em infraestrutura para que as usinas se conectem ao gasoduto”.
Na visão dele, a COP30 no Brasil poderá ser mais uma oportunidade de mostrar a “única fábrica de amônia renovável, que está funcionando em Cubatão”, ajudando a impulsionar investimentos e até oportunidade de “crédito verde” para o setor.
Para o mercado como um todo, o presidente da Yara diz que 2025 deve confirmar uma retomada aos patamares normais, com aumento entre 4% e 5% nas entregas, já que a safra recorde demanda nutrientes do solo que agora precisam ser repostos.
Já nos fertilizantes especiais, que também estão ganhando mais espaço no portfolio da Yara, a expectativa é manter o ritmo de crescimento de dois dígitos.
Como Marcelo Altieri avalia os efeitos das recuperações judiciais entre produtores rurais? E qual a visão dele para o agronegócio daqui a 10 anos?
As respostas para estas e outras perguntas você confere no programa na íntegra, que está disponível nas plataformas YouTube e Spotify.
Resumo
- O presidente da Yara Brasil, Marcelo Altieri, projeta crescimento de 4% a 5% no mercado total de fertilizantes em 2025
- Empresa busca substituir o gás natural por biometano para produzir fertilizantes nitrogenados de baixo carbono, mas enfrenta limitações por falta de infraestrutura de gasodutos
- Planta de Cubatão (SP) produz entre 30 mil e 40 mil toneladas de fertilizantes verdes por ano, um volume ainda modesto frente à demanda nacional,