Os próximos 12 meses serão definitivos para a VLI Logística, que opera a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Segundo o CEO interino da empresa, Fábio Marchiori, a empresa está em discussões com o Governo Federal para uma renovação antecipada da concessão da ferrovia, que liga o Sudeste ao Nordeste do País.
O executivo conversou com alguns jornalistas durante o GAFFFF, em São Paulo, e destacou que as negociações com o Ministério dos Transportes, de Renan Filho, estão no âmbito de entender a nova portaria publicada pelo governo federal em junho, que redefiniu algumas condições para renovações antecipadas nesse tipo de concessão.
“Em breve, mas ainda sem datas, devemos anunciar a retomada do primeiro passo formal de uma renovação antecipada, que são as audiências públicas”, afirmou o CEO.
Se não conseguir a renovação antecipada, a empresa declarou que deve participar do leilão de concessão. Apesar disso, se mantém otimista com a continuidade da operação.
“Se algum órgão não considerar a antecipação vantajosa, nós participaremos do leilão pois conhecemos bem a FCA e temos toda uma infraestrutura já formada ao redor dela”, explicou Marchiori.
O executivo pontuou que, ao longo dos últimos 30 anos em que a ferrovia esteve sob tutela da empresa (que antes era parte da Vale), foram transferidos R$ 16 bilhões para os cofres do Governo, numa contrapartida de investimentos, algo previsto durante a concessão.
Para a nova concessão, ele cita que a empresa vai se comprometer em investir “algo na casa de bilhões de reais”, um valor que ainda será confirmado pelo Ministério dos Transportes nas audiências públicas.
Somado a esse montante, o CEO afirmou que a empresa se compromete a investir mais de R$ 25 bilhões pelos próximos 30 anos de concessão. “São investimentos nossos em infraestrutura para continuar a expandir a malha, sem contar a contrapartida natural”.
Marchiori pontuou que esse investimento está alinhado aos estudos de demanda que a empresa projeta para os próximos anos. “Vemos possibilidade de crescimento entre 35% e 40% na demanda. Portanto, há necessidade de ofertar serviços dentro dessa configuração”.
A renovação antecipada, contudo, não deve acontecer num período inferior a um ano, por conta dos trâmites burocráticos no governo, que envolvem sugestões do TCU.
A empresa ainda está atenta a oportunidades de expansão, segundo o CEO, como no terminal portuário Tiplam, em Santos, e no terminal portuário em São Luís. “Nossa pauta de crescimento orgânico e de nossos próprios ativos é muito forte”, ressaltou.
A VLI é uma gigante quando o assunto é logística ferroviária no País. A empresa transporta 60 milhões de toneladas de produtos por ano nas ferrovias que atua, sendo 40 milhões na FCA.
Desse total, dois terços são produtos oriundos da cadeia do agro. “Falamos de soja, milho, açúcar e agora vemos um retorno de fertilizantes. O fluxo de importação desses produtos começa a ser um negócio interessante pelo viés da logística”, diz o executivo. O outro terço corresponde ao transporte de celulose e produtos da indústria siderúrgica.
Além dos direitos de concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, a empresa opera em um pedaço da Ferrovia Norte-Sul. “Temos o contrato de concessão da parte norte dela”.
A empresa ainda possui o direito de passagem pela Estrada de Ferro Vitória-Minas, que chega até o porto de Tubarão (ES), e também pela estrada de ferro Carajás, que atinge o porto de São Luís, onde a VLI tem um terminal.
De acordo com o CEO, a empresa investiu dentro de casa cerca de R$ 10 bilhões nos primeiros anos de operação. A companhia foi criada oficialmente em 2011 na intenção de reunir, em uma só companhia, todos os ativos de carga geral da Vale, separando do transporte de minério.
Em 2023, a empresa bateu uma receita líquida de R$ 9,1 bilhões, 19% acima de 2022. Nos portos, foram elevadas 43 milhões de toneladas, um avanço de 5% ante 2022, sendo um recorde da empresa.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) chegou a R$ 4,5 bilhões, aumento de 34% quando comparado ao ano anterior.