A AGCO, dona de marcas como Massey Ferguson, Valtra e Fendt, encerrou o primeiro semestre de 2025 com sinais claros de desaceleração. As vendas recuaram 24,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 4,7 bilhões, com desempenho mais fraco em praticamente todas as regiões onde atua, informou balanço divulgado nesta quinta-feira, dia 31 de julho.

Ainda assim, apoiada por controles de custos e despesas de engenharia estáveis, a empresa revisou para cima sua projeção de vendas e também elevou a estimativa de lucro por ação.

Dessa forma, os investidores parecem estar dando um voto de confiança na AGCO. Um sinal disso é o comportamento das ações da companhia na Bolsa de Nova York, que já subiam 4,09% no pré-market nesta quinta-feira, segundo a plataforma Barchart.

No segundo trimestre deste ano, segundo dados divulgados no início desta quinta-feira, a companhia vendeu 18,8% máquinas a menos do que no mesmo período de 2024, chegando a um volume de vendas líquidas de US$ 2,6 bilhões.

O pior desempenho foi registrado na América do Norte, com uma expressiva queda de 32,9% nas vendas, que somaram US$ 420 milhões. Em seguida, aparece a região EME, que abrange Europa e Oriente Médio e representa o principal mercado da companhia em volume, com recuo de 5,1% nas vendas, que totalizaram US$ 1,7 bilhão.

Logo depois vem a região APA (Ásia, Pacífico e África), que apresentou queda de 5,4%, com vendas de US$ 135,8 milhões. Por fim, a América do Sul teve retração de 4,0% nas vendas, chegando a US$ 303,4 milhões.

Já no primeiro semestre como um todo, quem pesou mais na balança foi a América do Sul, com queda de 5% em vendas no período, seguido por América do Norte, com retração de 1,1%, e APA, com queda de 0,7%. Em contrapartida, as regiões da região EME até melhoraram, com alta de 2,5% no acumulado do semestre.

"Os desafios da economia agrícola no primeiro semestre de 2025 reduziram a demanda por equipamentos agrícolas na Europa e nos EUA, com a queda nos preços das commodities e o aumento dos custos dos insumos impactando especificamente o sentimento do agricultor americano", explicou o CEO da AGCO, Eric Hansotia, no comunicado que acompanhou os resultados.

Nos Estados Unidos, as vendas de tratores caíram 13% no primeiro semestre de 2025, principalmente nas categorias de maior potência. Já as vendas de colheitadeiras recuaram 33% no período.

"A incerteza contínua em relação à demanda por exportação de grãos e os altos custos dos insumos devem continuar a pressionar a demanda da indústria ao longo de 2025, especialmente por equipamentos maiores", diz a AGCO.

Hansotia também fez comentários sobre o comportamento do mercado brasileiro e europeu. "No Brasil, o clima instável e os preços mais baixos tornaram os agricultores mais cautelosos, com muitos optando por manter os equipamentos existentes em vez de investir em novas máquinas de alta potência", disse o CEO da AGCO.

Por aqui, a AGCO diz que as vendas de tratores como um todo cresceram 6% ao longo do primeiro semestre, com a comercialização sendo impulsionada principalmente por máquinas menores, mas a demanda por equipamentos maiores ainda sem melhora significativa.

"Se as condições comerciais continuarem a fortalecer a economia agrícola, a demanda poderá aumentar no final do ano. Por enquanto, o crescimento do setor no Brasil deverá permanecer modesto", projeta a empresa.

Na Europa ocidental, por sua vez, a venda de tratores caiu 12%, de acordo com a AGCO, com reduções percentuais de dois digitos na maioria do mercado, com exceção de Espanha e Itália, que apresentaram crescimento modesto. A tendência é de que a demanda permaneça fraca ao longo do ano, ainda que atenuada, em parte, pelo interesse de produtores de leite e gado nos produtos.

"Na Europa, as regulamentações ambientais e as interrupções relacionadas ao clima estão impulsionando a demanda por tecnologias sustentáveis e adaptáveis. Embora as vendas de equipamentos tradicionais continuem sob pressão, estamos observando uma clara mudança em direção a soluções mais inteligentes e eficientes, à medida que os agricultores trabalham para proteger as margens e navegar pela volatilidade contínua", comentou Hansotia.

Apesar dos resultados mais fracos, Hansotia também destacou que o aperto nos cintos promovido pela empresa ajudou a equilibrar os números.

"Nossos fortes lucros e geração de fluxo de caixa ilustram um progresso significativo na redução dos estoques de revendedores e da empresa por meio de cortes agressivos na produção”, afirmou.

“As margens operacionais se beneficiaram do controle disciplinado de custos e da implementação contínua de nossas iniciativas de reestruturação. A demanda por nossas marcas premium permanece resiliente, impulsionada pelo crescente interesse em agricultura de precisão e tecnologias sustentáveis."

Com isso, a companhia aumentou levemente sua projeção do resultado de vendas para o ano como um todo. A AGCO projeta agora que as vendas líquidas cheguem a aproximadamente US$ 9,8 bilhões para o ano de 2025, ante US$ 9,6 bilhões previstos no primeiro trimestre. A companhia também prevê margem operacional de aproximadamente 7,5%.

“Espera-se que os menores volumes de produção sejam parcialmente compensados por controles de custos e despesas de engenharia estáveis”, explica a AGCO sobre a alteração.

A meta de lucro por ação anual agora é entre US$ 4,75 e US$ 5,00, mais alta que a estimativa de lucro de US$ 4 a US$ 4,50 divulgada nos resultados do primeiro trimestre.

“Essas estimativas incorporam o impacto esperado das tarifas em vigor em 31 de julho de 2025, juntamente com as estratégias de mitigação da AGCO. Quaisquer alterações nas políticas tarifárias ou respostas relacionadas podem afetar essas projeções”, sinaliza a companhia.

Resumo

  • A AGCO registrou queda de 24,1% nas vendas globais no primeiro semestre de 2025: totalizou US$ 4,7 bilhões
  • No segundo trimestre, as vendas caíram 18,8%, totalizando US$ 2,6 bilhões, com quedas em todas as regiões onde atua
  • Apesar da retração, a companhia revisou para cima suas projeções: elevou a estimativa de vendas para US$ 9,8 bilhões e o lucro por ação para entre US$ 4,75 e US$ 5,00, sob efeito de controle de custos e despesas de engenharia estáveis