Seara versus BRF nas gôndolas dos supermercados da Arábia Saudita? A concorrência entre as duas maiores companhias de produção de carnes de aves do País pode ser replicada de forma mais intensa, em breve, em uma nova geografia.

A BRF já está instalada no país do Oriente Médio com plantas e tem também lá um de seus principais acionistas, o fundo Saudi Agricultural Livestock Investment Company (Salic), controlado pela família real saudita, que detém 10% de participação na companhia brasileira.

A JBS, dona da Seara, também já estabeleceu bases por lá. A companhia da família Batista possui três unidades de processamento na Arábia (a última, inaugurada em novembro passado, fruto de investimento de R$ 50 milhões) e é apontada agora como uma das mais fortes candidatas a adquirir a Al Watania, maior produtora de aves da Península Arábica.

Desde o final do ano passado, a venda companhia árabe – criada em 1977 por Sulaiman Al Rajhi, dono do Al Rajhi Bank e cuja família está entre as mais ricas da Arábia Saudita sem ligação com a realiza local – é vista como uma possibilidade iminente.

Segundo informações da agência Bloomberg, pelo menos quatro propostas já foram feitas e estão sendo avaliadas – o valor do negócio é estimado em US$ 530 milhões (cerca de R$ 3 bilhões ao câmbio atual).

Além da JBS, teriam feito lances as empresas sauditas Almarai Co. e Tanmiah Food Co. e um consórcio liderado pela ucraniana MHP, de tecnologia agrícola, que, assim como a BRF, tem a Salic entre seus investidores.

Assim, a disputa promete ser intensa. Principalmente porque a família real tem entre seus principais focos ter sob seu controle cadeias de fornecimento como forma de garantir a segurança alimentar no país.

A aquisição de uma fatia da BRF pela Salic fez parte dessa estratégia. Somente para impulsionar a produção local de aves, por exemplo, o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman teria reservado cerca de US$ 4,5 bilhões.

A Al Watania, que processa mais de 1 milhão de aves e 1,5 milhão de ovos por dia, se encaixaria tanto nessa estratégia quanto nos planos da JBS, que tem investido na diversificação geográfica e de produtos em sua cesta de negócios.

Há pouco mais de um mês, por exemplo, a empresa anunciou sua entrada definitiva no mercado de ovos ao pagar um valor estimado em R$ 1,9 bilhão por uma participação de 48,5% no capital acionário do grupo Mantiqueira, um dos maiores do segmento no Brasil.

Além da Seara, a JBS controla outra potência na produção de aves, a americana Pilgrim’s Pride, o que faz do grupo o maior do mundo nessa área processando 4,4 bilhões de frangos por ano.