A imagem de Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, estampada no release de resultados do terceiro trimestre de 2024 da multinacional brasileira de alimentos, diz quase tanto quanto os dados apresentados ao longo do documento.

O sorriso largo na foto, disposta logo abaixo dos logos de 14 marcas da companhia ao redor do mundo, combina com uma série de números recordes, consequência de desempenhos positivos vindos de todas as frentes e geografias de atuação do grupo.

Em termos absolutos, o mais expressivo é o da receita líquida: depois de superar os R$ 100 bilhões pela primeira vez no trimestre anterior, agora o faturamento cruzou a marca de R$ 110 bilhões – um novo recorde, com aumento de quase 21% sobre o mesmo trimestre de 2023.

Com isso, o acumulado de 12 meses se aproxima de R$ 400 bilhões – ficou em R$ 396,6 bilhões na soma dos últimos quatro trimestres. Em 2023, a empresa fechou o ano com R$ 364 bilhões. O guidance divulgado pela empresa aponta para uma receita de R$ 412 bilhões aomfinal de 2024.

Nas comparações com o ano passado, há também destaques que chamam a atenção, como a variação positiva de 120,7% no Ebitda ajustado, que chegou a R$ 11,9 bilhões, com margem de 10,8% (“quase 5 pontos percentuais a mais”, conforme ressaltou Tomazoni. Ou então o lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, 571% superior.

Na “Mensagem do presidente”, logo abaixo da foto no documento protocolado no fim da tarde desta quarta-feira, 13 de novembro, na CVM, Tomazoni dá vários créditos pelo desempenho. Mas a expressão que puxa a lista é também a que resume o que é quase um trimestre perfeito: “a força de nossa plataforma global multiproteínas”.

Normalmente vista como uma estratégia protetiva, em que um negócio ou região ajuda a compensar eventuais dificuldades em outra área, desta vez a diversificação encontrou um não muito frequente momento em que quase tudo deu certo, com contribuições generalizadas repercutindo no balanço.

“Registramos crescimentos em todas as unidades de negócios”, destacou.

Os negócios com proteínas de aves e suínos, como a Seara, no Brasil, e a Pilgrim’s Pride, nos Estados Unidos, repetiram o bom desempenho dos últimos trimestres e obtiveram margens acima das expectativas do mercado: 21% e 16,9%, respectivamente.

Aproveitaram-se, segundo Tomazoni, de uma conjuntura com “forte demanda global, custo favorável dos grãos e agilidade na gestão de mix de produtos e mercados, além do foco em produtos de valor agregado e inovação”.

No caso da marca brasileira, melhorias operacionais e os resultados obtidos com novas unidades de empanados de frango também foram lembrados.

Na estratégia geográfica da JBS, o CEO global apontou para um único ponto fora da curva ascendente dos negócios do grupo: os “efeitos negativos” do ciclo do boi nos EUA, onde os rebanhos atingiram patamares historicamente baixos, diminuindo a oferta de carnes para as indústrias.

Ainda assim, as receitas da JBS Beef North America cresceram no período, tanto em dólar (6%) quanto na sua conversão para o real (20,5%, com a contribuição da variação cambial). O Ebitda ajustado da subsidiária, entretanto, foi o único entre as empresas do grupo a ver redução, que ficou 60% abaixo ao do ano anterior, derrubando a margem em um ponto percentual.

Já no Brasil, a empresa colheu os bônus do ciclo pecuário favorável aos frigoríficos. A JBS Brasil comemorou como “um dos melhores resultados da história” a receita líquida de R$ 18,1 bilhões, com crescimento de 25% comparado a 2023. Já o Ebitda ajustado do trimestre mais que triplicou comparado na mesma comparação.

A margem foi de 11,6% no trimestre, com alto volume de exportações, aquecimento da demanda interna e, segundo a empresa, “melhora do mix, com foco em produtos de valor agregado, marca e serviços aos clientes”.

Com a confluência de boas notícias, a área financeira da empresa aproveitou o momento para colocar em prática estratégias de redução da alavancagem. Ao final do trimestre, o endividamento reportado pela JBS ficou em 2,15x (dívida líquida/Ebitda).

No período, a empresa reduziu a dívida líquida em US$ 1 bilhão em relação ao segundo trimestre de 2024. Hoje, ela está na casa de US$ 13,7 bilhões (R$ 75 bilhões no câmbio usado pela companhia no demonstrativo).

Com o caixa cheio (R$ 28,5 bilhões), a companhia resgatou R$ 3,9 bilhões em CRAs, mas, em outro sentido, emitiu R$ 1,5 bilhão desses títulos por meio da Seara.

“Os números do terceiro trimestre reforçam a solidez de nossa gestão financeira e estamos confiantes em que a JBS está bem-posicionada para em sua trajetória de geração de valor para os nossos stakeholders.”, afirmou Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS.