Uma população de 250 milhões de habitantes – que deve chegar a 400 milhões em 2050 – e cujo consumo de carne de frango é de apenas três quilos per capita ao ano, menos de 10% da média brasileira.
Do ponto de vista da segurança alimentar, a Nigéria é um país de imensos desafios, onde apenas 40% do que se consome é produzido localmente e mais de 28 milhões de pessoas passam fome.
Do ponto de vista econômico, porém, tem o maior PIB do continente africano – cerca de US$ 363 bilhões --, e grandes projetos de construção de uma infraestrutura interna para conectar as diferentes regiões do país.
É de olho nessas duas conjunturas que a maior empresa de alimentos com base em proteína animal do mundo, a JBS, desembarca na África em janeiro próximo para dar início a um plano bilionário, anunciado nesta quinta-feira, 21 de novembro.
“Seremos parte da construção de um futuro melhor para as pessoas, para o país e para as empresas”, afirmou Gilberto Tomazoni, CEO global da companhia, em entrevista publicada pelo portal NeoFeed.
A JBS havia acabado de assinar um memorando de entendimento com o governo nigeriano, em que prevê investir US$ 2,5 bilhões nos próximos cinco anos na construção de seis fábricas – três de aves, dois de bovinos e uma de suínos – e, mais do que isso, ajudar no desenvolvimento da cadeia produtiva que permita a criação de uma indústria local de proteína animal.
Na entrevista, concedida ao jornalista Carlos Sambrana, Tomazoni ressaltou que o mercado potencial para as indústrias de alimentos no continente africano foi, sem dúvida, um dos motores dessa decisão.
“Nós não temos um pé na África hoje de produção. Mas a gente sabe que a população vai crescer, a África subsaariana é uma das grandes vertentes de crescimento da população. Em algum momento, nós estaríamos lá para porque vai ter o consumo lá”, afirmou.
“Mas o que mais nos movimentou é que nós temos como missão a segurança alimentar no mundo. A gente tem que contribuir para reduzir a miséria e garantir a segurança alimentar”, completou.
Segundo Tomazoni, há um movimento em curso na Nigéria no sentido de se trabalhar a questão da segurança alimentar no país e a JBS enxergou ali uma oportunidade para gerar negócios e impacto positivos.
As primeiras ações da companhia no país africano serão voltadas à realização de estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos.
Tomazoni acredita que a expertise da JBS no desenvolvimento de cadeias produtivas e sua capacidade de disseminar as melhores práticas produtivas podem ajudar a promover o desenvolvimento da produção de proteína animal.
“Junto, vai vir a produção de grãos, vai levar o desenvolvimento da agricultura, de uma cadeia logística inteira. Você vai construindo todo o desenvolvimento social a partir de uma forma de produzir alimentos”, afirmou.
Em contrapartida, o governo da Nigéria deve assegurar as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização do projeto.
A JBS entra na África por sua principal porteira econômica, mas pretende ir além. “É o primeiro movimento que estamos fazendo no continente africano e que vai se irradiar ao continente inteiro no decorrer do tempo. Quanto mais bem-sucedidos forem esses investimentos, mais rápido será a expansão”, disse o CEO.