As dificuldades enfrentadas por todo o setor de insumos ao longo de 2024 também atingiram a gigante Syngenta, controlada pela ChemChina, que viu as vendas de sua divisão agrícola recuarem 13% no ano passado.

Os dados foram divulgados em um comunicado à imprensa nesta quarta-feira, dia 26 de março.

Ao todo, a divisão Crop Protection reportou vendas de US$ 13,2 bilhões ao longo de 2024, ante US$ 15,3 bilhões registrados em 2023.

No quarto trimestre de 2024 também houve retração nas vendas, mas menos acentuada, de 5%, com o resultando fechando em US$ 3,7 bilhões.

A queda nas vendas ao longo do ano foi generalizada, com destaque para o recuo na América do Norte, onde houve uma retração de 24%, seguido por Ásia, Oriente Médio e África (recorte que exclui a China), com queda de 13%, Europa, com declínio de 12%, e América Latina, com recuo de 10%.

A exceção foi a China, onde as vendas subiram 7%, e também o Brasil. A Syngenta não divulgou os resultados no país, mas o presidente da divisão Crop Protection da Syngenta no Brasil, André Savino, disse que houve crescimento nas vendas na operação brasileira, em entrevista recente ao AgFeed.

"Em 2024, a continuidade da redução de estoques nos canais de distribuição e a contração do mercado foram os principais fatores responsáveis pela queda no volume. Os desafios relacionados a preços foram, em grande parte, compensados por ganhos de eficiência operacional e pela redução nos custos das matérias-primas", avalia a Syngenta no comunicado.

No lado dos químicos, a companhia destacou que alguns produtos tiveram um bom desempenho, caso do inseticida Plinazolin, cujas vendas dobraram, e do fungicida Adepidyn, que registrou "forte desempenho" no Brasil e na China.

Além disso, a Syngenta também destacou que a vendas de produtos biológicos também apresentaram um bom desempenho, especialmente no Brasil, na China e na Índia.

A multinacional dos insumos trouxe ainda os resultados da israelense Adama, que foi comprada pela Syngenta em 2021. Ali também o que se viu foram resultados negativos. As vendas da companhia caíram 11% ao longo de 2024, recuando a US$ 4,1 bilhões.

Houve queda generalizada em quase todas as regiões de atuação da empresa ao redor do mundo, com destaque para uma queda de 20% na América Latina. A única região que registrou alta nas vendas foi a América do Norte, com um aumento de 4%.

“No início de 2024, a Adama lançou um plano de transformação estratégica com o objetivo de melhorar os lucros e a entrega de caixa ao longo de um período de três anos. Essa iniciativa começou a mostrar resultados, com crescimento do Ebtida ano a ano e melhorias de margem por três trimestres consecutivos”, diz a Syngenta.

Na Syngenta Seeds, divisão de sementes da companhia, as vendas seguiram estáveis, repetindo no ano passado o volume de US$ 4,8 bilhões já registrado em 2023.

"O mercado de sementes permaneceu resiliente em 2024, apesar dos preços mais baixos das commodities e do impacto significativo de doenças na Argentina", afirma.

O destaque negativo na comercialização veio do Brasil, onde as vendas caíram 9% no ano, com impacto de uma mudança no modelo de negócios do negócio de soja, diz a companhia. Ainda assim, houve "forte recuperação" no negócio de milho no país, diz a Syngenta.

Também houve queda de 14% nas vendas no recorte que engloba as operações na Ásia, Oriente Médio, África e América Latina – excluindo o Brasil – e de 1% na Europa.

Em contrapartida, as vendas na China cresceram 18% e na América do Norte subiram 3%.

"A América do Norte se beneficiou de um aumento significativo nas vendas de soja e retornos historicamente baixos de soja. Na China, a Syngenta Seeds experimentou forte crescimento e expansão da participação de mercado em milho, arroz e cereais, fortalecidos ainda mais pela conclusão dos centros de P&D em Pequim e Yangling", elencou a companhia.

No Brasil, a Syngenta fez vários movimentos ao longo de 2024 para melhorar sua performance.

Já no começo do ano, a empresa trocou o comando da divisão Crop Protection, que passou a ser dirigida por André Savino, executivo prata da casa.

Savino procurou resgatar fundamentos da empresa ao longo do ano que passou, aproximando mais a Syngenta dos produtores rurais e mantendo investimentos em inovação.

Em outubro, a Syngenta inaugurou um centro de pesquisa e desenvolvimento em Paulínia, no interior de São Paulo, após investir R$ 65 milhões, com o objetivo de desenvolver produtos no Brasil mais bem adaptados às necessidades do país.

Mais recentemente, a companhia também fez uma movimentação importante em sua rede de varejo de insumos, administrada pela holding Synap.

A companhia transferiu 18 unidades que eram operadas por ela para o grupo gaúcho Olfar, do Rio Grande do Sul, especializado no processamento de grãos, especialmente soja, e na produção de biodiesel, conforme mostrou em primeira mão, em janeiro passado, o AgFeed.

O objetivo foi deixar a estrutura da Synap mais leve, sem perder o canal de distribuição, já que a Olfar Agro continua atuando como parte da rede.