A página da Synap, plataforma de varejo de insumos da Syngenta, na internet está momentaneamente desatualizada. O mapa que indica a localização de 72 lojas das redes de distribuição sob seu controle ainda mostra presença em apenas sete estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
Há mais quatro unidades da federação a serem preenchidas em breve. Goiás, por exemplo, já poderia estar lá – uma loja da marca Agrocerrado foi aberta ali em dezembro passado, marcando a estreia da empresa no estado.
Outros três – Maranhão, Tocantins e Piauí – só entrarão no mapa da Synap quando a companhia receber o sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a aquisição da Produtécnica, anunciada no final de março.
“Se considerarmos as quatro empresas que já tínhamos, já temos mais de 80 pontos de venda”, afirma Ricardo Perez, diretor-geral da Synap. “Com a Produtécnica teremos mais seis, chegando a quase 90 pontos”.
A nova compra coloca a Synap, segundo Perez, dentro das cinco regiões estabelecidas no planejamento de crescimento da plataforma.
Feita em um momento em que o varejo de insumos vive um de seus períodos mais conturbados nos últimos anos, o negócio seguiu um roteiro já traçado para a “criação de um sistema de distribuição que potencialize a oferta de soluções da Syngenta”.
Esse roteiro começou a ser percorrido em 2019, quando a multinacional de defensivos lançou sua primeira “âncora” na distribuição, com a rede Atua Agro, hoje com 40 lojas, na região Sul.
Dois anos depois, vieram as primeiras aquisições: a Dipagro – com atuação no Mato Grosso e, depois, em Rondônia – e a Agro Jangada, na região central do Mato Grosso do Sul.
No ano passado, dentro de um plano de reorganização de seus negócios, a Syngenta estabeleceu a Synap como uma holding para administrar a área de insumos e adquiriu a Agrocerrado, com forte presença em Minas Gerais e, agora, um pé em Goiás.
A Produtécnica expande os negócios em direção ao Norte, com as novas fronteiras do Mapito. E, a princípio, coloca a Synap a olhar mais para dentro do que para fora.
“Uma vez tendo a rede bem estruturada, vamos buscar o crescimento sim, mas nas regiões em que já estamos, extraindo mais valor de onde a gente se encontra”, afirma Perez.
A eventual abertura de novas lojas, assim, se dará com as bandeiras controladas pela empresa – todas as marcas adquiridas foram mantidas, com gestões independentes. A Dipagro, por exemplo, pode expandir-se em Mato Grosso e Rondônia e a Agrocerrado olhará mais para o norte goiano.
O ritmo de crescimento será, segundo o executivo, ditado pelas estratégias da grande controladora. “Nossa ambição está conectada à ambição da Syngenta”, diz. “O caminho que ela direcionar, vamos buscar”.
Com cerca de 25% do mercado de insumos no Brasil, a Syngenta lidera o segmento entre as indústrias. No varejo, as empresas da plataforma Synap encerraram 2023 com algo entre 7% e 8% de share, “se a gente considerar o mercado de distribuição como um todo, de fertilizantes a químicos”, de acordo com Perez.
Ele acredita que cenário complexo do setor ainda não se alterou, mas se diz feliz com o resultado atingido em 2023. “Passar por momentos como esse nos fortalece e podemos mostrar nosso diferencial de ajudar agricultor na composição de seus custos”.
A Syngenta não revela números de receita por país, apenas os resultados globais. No balanço de 2023, divulgado no final de março, a empresa reportou receita de US$ 32,2 bilhões, com retração de 4% frente o ano de 2022. Segundo a empresa pontuou no documento, o resultado foi impactado por “uma contínua redução de estoques em toda a indústria”.
No Brasil, o desempenho do ano passado foi considerado bom “diante das dificuldades do mercado”, segundo Perez.
“A Syngenta sofreu menos que as outras empresas. Houve queda no lucro, mas manutenção da liderança com share intocado. Isso aconteceu porque nos preparamos, no final de 2022 já sabíamos como seria 2023”, diz.
Perez afirma que a Synap não sofreu, por exemplo, o impacto do excesso de estoques, que comprometeu resultados de muitos competidores do mercado de distribuição.
Segundo ele, a gestão eficiente de inventário e capital de giro, além da possibilidade de gerenciar cenários diferentes em regiões distintas, e o lançamento de novas linhas de fungicidas e inseticidas pela Syngenta nas duas últimas safras contribuíram para que a empresa passasse por esse período mais difícil sem grandes perdas.
Ele destacou, por outro lado, os ganhos de eficiência na área de logística obtidos com a integração de alguns processos na rede da Synap. “Obtivemos ganhos mínimos de 20% na logística, que é um ponto chave na gestão de custos”, diz.