O ano começou aquecido nas principais empresas do setor florestal brasileiras listadas na Bolsa. Tanto Klabin quanto Suzano, que divulgaram seus balanços referentes ao primeiro trimestre de 2025 nesta semana, tiveram alta no faturamento. Os motivos para tal são distintos – e o resultado líquido final, também.
Na Klabin, a receita líquida foi de R$ 4,8 bilhões, uma alta de 10% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Na Suzano, o faturamento foi de R$ 11,5 bilhões, alta de 22% em um ano, e recorde para um trimestre.
As duas empresas surfaram em um cenário de dólar mais alto, o que beneficiou as exportações. Paradas para manutenção de concorrentes chineses ajudaram a reduzir a oferta global, contribuindo também para o momento positivo.
O resultado da Klabin foi influenciado por bons preços na venda de kraftliner e fluff, enquanto a Suzano surfou em bons números da sua operação nos EUA, a Suzano Packaging US e pelo aumento de volume com a planta de Ribas do Rio Pardo (MS), que iniciou a operação em julho do ano passado.
A Suzano ainda destacou que houve algumas paradas para manutenção no trimestre, nas unidades de Três Lagoas (MS), Mucuri (BA) e Aracruz (ES), além da primeira parada em Ribas do Rio Pardo.
A Klabin, contudo, viu seu lucro cair 3% de um ano para cá, recuando a R$ 446 milhões. A companhia teve um aumento nos custos e nas despesas, causados principalmente pelos gastos com químicos e mais frete. O CPV (Custo dos Produtos Vendidos), avançou 8% em um ano, e bateu R$ 2,3 bilhões.
Na Suzano, a alta da receita acompanha uma alta também no lucro. O resultado líquido da empresa passou de R$ 220 milhões no primeiro trimestre do ano passado para R$ 6,3 bilhões agora.
O avanço elevado não leva em conta somente o aspecto operacional, afinal de contas, a receita subiu 22% em um ano. A questão na Suzano é contábil, já que no primeiro trimestre do ano passado, a companhia teve um prejuízo financeiro, não líquido, de R$ 3 bilhões, por conta de um efeito cambial e derivativos.
Em volume de vendas, a Suzano comercializou 3 milhões de toneladas, das quais 2,6 milhões de toneladas foram de celulose e 390 mil toneladas de papéis. A Klabin vendeu 906 mil toneladas, uma baixa de 2% em um ano.
O preço médio da celulose foi diferente para as duas, mas ambos foram menores na comparação com o ano anterior. Na Suzano, o preço foi de US$ 555 por tonelada (queda de 10%). Na Klabin, US$ 682 (queda de 9%).
A diferença nos lucros também reflete a estrutura financeira distinta entre as empresas.
A Suzano, uma das maiores do mundo no setor, tem um endividamento majoritariamente em dólar, com uma alavancagem que encerrou o trimestre em 3 vezes na moeda americana. Isso amplifica os efeitos positivos do câmbio.
As duas companhias não divulgam detalhes operacionais como a área colhida ou a extensão total de suas florestas – ambas têm, na base florestal, o ponto de partida de toda a operação.
A madeira plantada que abastece as fábricas hoje representa 40% dos custos de produção da celulose na Suzano e 30% na Klabin.
Os resultados tiveram reações distintas no mercado. O analista Stefan Weskott, do Citi, considerou que o trimestre foi fraco para a Suzano, ressaltando que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de R$ 4,9 bilhões veio abaixo do projetado.
“A empresa trouxe resultados mais fracos, como parcialmente antecipado, devido à sazonalidade, cronograma de manutenção intensivo e carteira de pedidos (backlog) para preços realizados”, disse, em relatório.
No caso da Klabin, Yuri Pereira, do Santander, considerou que a empresa apresentou resultados sólidos e acima das projeções do mercado. Como destaque, ele mencionou, também em relatório, que a empresa teve menores despesas operacionais, e que o desempenho da divisão de Papel eEmbalagens compensou um desempenho mais fraco na celulose.
Nos últimos 5 dias, as units da Klabin (KLBN11) sobem 4% na Bolsa. No mesmo intervalo, a ação da Suzano (SUZB3) recua quase 1%.
Resumo
- Suzano faturou R$ 11,5 bilhões no trimestre, enquanto klabin arrecadou R$ 4,8 bilhões, mesmo com preço mais baixo na celulose
- Duas empresas surfaram em cenário de dólar mais alto e com redução de oferta global com paradas de manutenção de concorrentes na China