Gigante do setor de papel e celulose e acostumada a captar recursos via bonds no exterior ou debêntures no Brasil, a Klabin está fazendo sua primeira captação em um veículo familiar no agro.
A empresa anunciou nesta quarta-feira, 23 de julho, que emitirá R$ 1,5 bilhão em cédulas de produto rural com liquidação financeira (CPR-F).
A emissão será feita em duas séries, a primeira com vencimento em sete anos e a segunda em 10 anos. A primeira prevê uma remuneração de até 95,5% do CDI.
Já a segunda deve retornar aos acionistas o investimento acrescido do IPCA mais uma taxa fixa, que será a maior entre a taxa do Tesouro IPCA+ 2035 menos 0,40% ao ano ou 6,90% ao ano.
Os juros serão pagos semestralmente, sempre em fevereiro e agosto, e o principal amortizado em parcela única no vencimento.
Os rendimentos ainda serão definidos no processo conhecido como Bookbuilding, em que os investidores indicam sua demanda pelos papéis e informam as taxas de juros que aceitariam receber.
Nos termos da CPR, quem toma o crédito se compromete a entregar uma quantidade determinada de algum produto na cédula. A Klabin se comprometeu a entregar o valor equivalente a 9 milhões de metros cúbicos de toras de eucalipto e pinus.
No caso desta emissão, que é uma CPR financeira, não haverá entrega física das toras, com a liquidação sendo exclusivamente financeira.
O preço referencial da emissão é de R$ 164,91 por metro cúbico, e os produtos virão da Fazenda Monte Alegre, localizada na cidade de Telêmaco Borba, no Paraná.
De acordo com a Klabin, os recursos captados serão utilizados na operação da empresa, como “beneficiamento ou na industrialização de produtos relacionados à silvicultura e a agricultura, inclusive florestamento e reflorestamento".
A companhia começou 2025 com o pé direito, mostrando uma alta no faturamento de janeiro a março em comparação com o mesmo período em 2024. A receita líquida da empresa ficou em R$ 4,8 bilhões, alta de 10% em um ano.
A empresa, assim como sua concorrente Suzano, surfou em um cenário de dólar mais alto, o que beneficiou as exportações. Paradas para manutenção de concorrentes chineses ajudaram a reduzir a oferta global, contribuindo também para o momento positivo.
O resultado da Klabin foi influenciado por bons preços na venda de kraftliner e fluff, enquanto a Suzano surfou em bons números da sua operação nos EUA, a Suzano Packaging US e pelo aumento de volume com a planta de Ribas do Rio Pardo (MS), que iniciou a operação em julho do ano passado.
A Klabin, contudo, viu seu lucro cair 3% de um ano para cá, recuando a R$ 446 milhões. A companhia teve um aumento nos custos e nas despesas, causados principalmente pelos gastos com químicos e mais frete. O CPV (Custo dos Produtos Vendidos), avançou 8% em um ano, e bateu R$ 2,3 bilhões.
Na lâmina da oferta da CPR, a Klabin cita que está com uma posição de caixa (já levando em consideração os R$ 1,5 bi da CPR), de R$ 7,8 bilhões.
Na B3, a Klabin está avaliada em R$ 23 bilhões. No ano, as units da empresa (KLBN11) apresentam queda de 18%, cotadas atualmente a R$ 18,69.
Resumo
- Klabin emitirá R$ 1,5 bilhão em CPR-F, sua primeira captação com esse instrumento familiar ao agro. Emissão terá duas séries e remunerações atreladas ao CDI e IPCA
- A empresa reforça o caixa em meio a bons resultados operacionais, impulsionados pelo dólar mais alto, exportações aquecidas e menor oferta global de celulose.