O negócio já era esperado há alguns meses. No sábado, 22 de fevereiro, finalmente foi sacramentado.
Com um cheque de US$ 1,78 bilhão, o fundo Saudi Agricultural Livestock Investment Company (Salic), controlado pela família real da Arábia Saudita, deu mais um passo em sua estratégia de ter sob seu controle cadeias de fornecimento como forma de garantir a segurança alimentar no país.
A quantia foi desembolsada para ampliar de 35% para 80% a participação do Salic na trading Olam Agri, uma das maiores comercializadoras de commodities agrícolas do mundo.
Com isso, os árabes passam a deter o controle da companhia, cujas receitas superam US$ 36 bilhões ao ano.
O Salic é conhecido no Brasil por ser um investidor importante em duas das maiores empresas do setor de proteínas animais.
O fundo detém 34% de participação na Minerva Foods e, em 2023, adquiriu 10% da BRF, assumindo um compromisso de investir até R$ 4,5 bilhões na empresa controlada pela Marfrig, da família Molina.
O primeiro investimento da Salic na trading sediada em Singapura aconteceu em 2022. Na ocasião, os árabes pagaram US$ 1,24 bilhão pela fatia minoritária, mas já com um entendimento que lhes permitia ampliar essa participação.
Em outubro do ano passado, a iminência de um novo aporte, desta vez incluindo o controle da companhia, começou a ser especulado pela mídia, que via como crescente o desejo da Olam International, grupo que controlavam a trading agro, em se concentrar em suas outras frentes de negócios.
Foram quatro meses de negociações para chegar ao formato aprovado pelas duas partes. A negociação fechada agora prevê ainda que o Salic tem três anos para exercer uma opção de compra pelos 20% restantes do capital.
Ao longo dos últimos anos, a Olam Agri vem executando uma estratégia que visa a torna-la cada vez mais especializadas na comercialização de cacau e café, duas das commodities que mais têm se valorizado recentemente.
Os dois produtos estão entre os que mais são afetados pelas mudanças climáticas, tendo visto sua oferta no mercado internacional diminuir nos últimos anos.
Com isso, as cotações dispararam, tendo batido sucessivos recordes nas bolsas de mercadorias.
No Brasil, a Olam está também entre as principais originadoras de grãos, açúcar e algodão.