As grandes corporações de todos os setores avaliam constantemente formas de não só diminuir seu endividamento, mas também de melhorar taxas e aumentar prazos para pagar as dívidas já feitas.
Esse movimento foi realizado pela SLC Agrícola. Depois de fechar o período de formação de taxa de juros para os investidores, conhecido como bookbuilding, a companhia divulgou detalhes da emissão do Certificado de Recebimento do Agronegócio (CRA) na última sexta-feira, dia 12 de julho.
A SLC conseguiu captar R$ 1,09 bilhão na operação, que foi dividida em três séries. A primeira tem vencimento em 2029, com remuneração composta pelo CDI (indicador que segue de perto a taxa básica de juros) mais um prêmio de 0,50% ao ano.
Na segunda série, que vence em 2031, os juros oferecidos aos investidores é de CDI mais 0,60% ao ano. A terceira série também vence em 2031, mas oferece como taxa a variação da inflação medida pelo IPCA mais 6,74% ao ano.
Em resposta a questionamentos feitos pelo AgFeed, a SLC afirma que os recursos serão direcionados para pagar outras dívidas que vencem no curto prazo, o que vai permitir o alongamento do vencimento médio dos débitos da companhia.
A empresa afirma também que não estão previstas “novas tomadas de recursos relevantes” na safra 2024/2025, que vai até o final de junho do próximo ano, após a emissão desse CRA.
A SLC vive um bom momento no mercado, pelo menos quando se toma por base o desempenho de suas ações.
Depois de atingir a mínima de 2024 no dia 10 de junho, o papel começou a se recuperar e acumula valorização de quase 10% desde então.
No final de junho, a companhia divulgou uma avaliação feita pela consultoria Deloitte mostrando que suas terras tiveram valorização de 6% em um ano, valendo quase R$ 11,6 bilhões.
Esse montante é quase 40% maior que o valor de mercado atual da companhia. Nesta segunda-feira, dia 15, a SLC vale cerca de R$ 8,3 bilhões.
A informação fez com que a ação ordinária da companhia valorizasse quase 10% somente em dois dias, no começo de julho, batendo os R$ 19,15 de cotação. A partir daí, com movimentos de correção, o papel gira em torno dos R$ 18,90 nesta segunda.
Boa parte desta correção pode ser creditada à divulgação das prévias operacionais da safra 2023/2024, que mostrou uma produtividade na colheita de soja 17% abaixo do que foi orçado pela SLC antes da conclusão do período.
A companhia deve ter problemas também no milho, mas em menor escala, com projeção de colheita, na segunda safra, 4% menor que a prevista anteriormente.
No algodão, tanto em fibra quanto em pluma, a produtividade deve ficar acima do que estava previsto pela SLC.
Para o analista Gabriel Barra, do Citi, a SLC deve enfrentar um cenário “mais normalizado” na safra 2024/2025, com menor custo de produção e clima mais favorável.