O mês de julho será marcado por uma entrada maciça de capital na BRF. E os analistas que acompanham a empresa mostram que a grande expectativa é pela diminuição do endividamento da companhia, e a diminuição das despesas financeiras.

A empresa já tem o compromisso de injeção de R$ 4,5 bilhões pelo fundo saudita Malic e pela Marfrig, cada uma com 50% do valor. Mas a captação pode chegar a R$ 5,4 bilhões, já que será oferecido um lote adicional de 100 milhões de ações, que terão preço unitário máximo de R$ 9,00.

Caso a BRF consiga atingir esta captação máxima, a XP Investimentos calcula que a companhia terá uma queda de 36% na sua dívida líquida, passando dos R$ 15 bilhões ao final de março para R$ 9,6 bilhões após o follow-on. Caso a captação seja de R$ 4,5 bilhões, a dívida cairia para R$ 10,5 bilhões.

Segundo a simulação da XP, o nível de alavancagem da BRF, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, recuaria de 3,4 vezes para 2,1 vezes, no melhor cenário.

“A BRF possui liquidez relativamente adequada e a dívida tem prazo médio de 7,4 anos, consideravelmente alongada. A posição de caixa de R$ 9 bilhões no primeiro trimestre, antes do follow-on, seria suficiente para fazer frente aos vencimentos de dívida até 2025”, dizem as analistas Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, da XP.

O Santander calcula que, após a captação e o abatimento de dívidas, a BRF vai economizar entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por ano em despesas financeiras. “Isso vai permitir que a administração foque mais na transformação operacional da empresa, e não na gestão financeira”, diz relatório assinado pelos analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata.

O banco calcula que, se o dinheiro for utilizado para abater dívidas, a BRF estará com uma alavancagem próxima de 3 vezes ao final de 2024, ante uma projeção anterior de 3,8 vezes.

Quanto à estrutura acionária, a Ativa Investimentos calcula que a Marfrig deve ficar com 38,7% do capital da BRF após a oferta de ações, e a Salic com 16%.

“A chegada dos sauditas é importante, pois esperamos uma posição mais forte da BRF no maior mercado Halal (dentro dos padrões da Lei Islâmica)”, dizem os analistas da Ativa.

Mesmo após a aprovação da oferta sem a necessidade de realização de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), o Santander manteve a recomendação Neutra para a ação da BRF.

“Os riscos atuais envolvendo a gripe aviária no Brasil nos impedem de ter uma perspectiva mais positiva sobre a BRF, por conta dos potenciais efeitos negativos na indústria de uma eventual disseminação da doença, mesmo considerando um cenário de custos mais favorável no segundo semestre de 2023”, dizem os analistas do Santander.

No cronograma da oferta de ações, está prevista para o dia 13 de julho a fixação do preço por ação na oferta, além da realização da reunião do Conselho de Administração para aprovar o valor exato do aumento de capital. A partir do dia 17, as novas ações começam a ser negociadas na B3. A ação ON da BRF fechou em alta de 0,45% nesta terça-feira, 4.