Mais uma vez, o açúcar continua sendo o destaque do balanço da São Martinho. No documento referente ao terceiro trimestre do ano-safra (período que foi de outubro a dezembro de 2023) da empresa, os números do adoçante foram os que mais brilharam os olhos dos analistas que acompanham os resultados da companhia.
O faturamento líquido da empresa no segmento ficou em R$ 829 milhões, 43,5% acima do anotado no mesmo trimestre da safra de 2022/2023. Ao todo, o faturamento da São Martinho ficou em R$ 1,6 bilhão, em linha com o ano anterior.
Em termos operacionais, foram 1,4 milhão de toneladas de açúcar produzidas até esse trimestre, 21% acima do ano anterior. Foram 330 mil toneladas vendidas por R$ 2,5 mil a tonelada, aumentos de 16,6% e 23% frente aos mesmos meses em 2022.
O resultado do segmento de açúcar ajudou o lucro líquido do trimestre, que ficou em R$ 210 milhões, uma baixa de 51% frente ao mesmo trimestre da safra passada.
Segundo a empresa, essa queda se deu por conta de uma antecipação de um precatório da Copersucar de 2023 de R$ 168 milhões em seu balanço patrimonial. O valor é referente a termos negociados no processo de desligamento da comercializadora.
A empresa explicou ao AgFeed que a queda em seus resultados do 3T24 se deu porque o precatório recebido da Coopersucar foi creditado à São Martinho no terceiro trimestre da safra 2022/23. Na safra 23/24, o crédito ocorreu no segundo trimestre.
"Esse recebimento 'antecipado', na comparação das safras, fizeram com que o resultado do terceiro trimestre da safra 2023/24 tenha sido 51% menor. Quando avalia-se o período acumulado das safras, com ambos os precatórios creditados, o resultado comparativo está em linha", disse a empresa em nota.
Na visão da analista do BofA, Isabella Simonato, o trimestre foi fraco e abaixo das expectativas do banco. “O açúcar continua sendo o lado positivo e a empresa está acelerando os hedges”, disse em relatório.
“A empresa acelerou os hedges para a safra 2024/2025, atingindo 503 mil toneladas a R$ 2,6 mil por tonelada, ritmo semelhante ao do ano passado. Os fortes preços do açúcar combinados com a diluição de custos trouxeram uma melhoria na margem operacional”, afirmou.
Thiago Duarte, do BTG, vê o açúcar como o “destaque da temporada 2023/2024”, e citou o avanço da margem ao longo da safra de de 7,1 pontos percentuais até atingir o patamar atual de 18,3%. Ao mesmo tempo, ele ressalta que a margem de etanol recuou 15 pontos, para 7,2%.
“Há melhores perspectivas de preços para o próximo trimestre, com os hedges do açúcar apontando para um aumento trimestral de um dígito, enquanto os preços do etanol se recuperaram fortemente recentemente”, afirmou.
A receita líquida das vendas de etanol apresentou contração de 27,2% no terceiro trimestre do ano-safra quando comparado à temporada anterior, somando R$ 621,6 milhões. Segundo a São Martinho, isso é reflexo de menores preços (-23,6%) e volumes (-4,7%) comercializados no período.
Foram 252 milhões de litros vendidos por um preço de R$ 2,4 mil a cada mil litros (metro cúbico). A empresa tem em estoque mais 400 milhões de litros de etanol.
Leonardo Alencar, analista da XP, ainda ressaltou em um relatório que a moagem de 23 milhões de toneladas de cana ao longo da safra é um destaque da empresa e que isso ajudou a diluir custos e dar os números para a produção de açúcar e etanol.
“Vemos que o açúcar ainda não captura os preços mais altos de hedge. As vendas de etanol foram postergadas para esse trimestre, e considerando a recente tendência de alta nos preços, esta foi uma estratégia assertiva”, analisa Alencar.
No milho, a empresa moeu 333 mil toneladas, produzindo 132 milhões de litros de etanol e 86 mil toneladas de DDGs. Desse total, 83 milhões de litros e 84,6 mil toneladas foram vendidos na temporada até agora, respectivamente.
Num primeiro momento, os investidores não gostaram do balanço e a ação da empresa abriu o pregão na B3 recuando mais de 4%. Ao longo do dia, contudo, passou a oscilar entre terreno negativo e positivo. Nesta tarde, a ação caía 2,26%.