A supertrader formada pela fusão dos ativos de Bunge e Viterra pode estar próximo de obter as aprovações que ainda faltam – particularmente no Canadá e na China.

Um sinal de que o sinal verde definitivo pode acender foi dado pela própria companhia americana nesta segunda-feira, 9 de setembro.

Numa demonstração de confiança com o andamento dos processos regulatórios, a Bunge comunicou que, como previa a transação de aquisição da empresa suíça, que vai começar a assumir dívidas emitidas pela Glenncore, antiga controladora da Viterra.

No comunicado ao mercado, o grupo americano oferece a substituição, por papeis emitidos por sua subsidiária financeira Bunge Limited Finance Corp (BLFC), de cinco séries de títulos de dívida (bonds) da Viterra, com vencimentos entre 2026 e 2032, que somam US$ 1,95 bilhão.

O documento traz as condições e os prazos para efetivação das troca da dívida, um movimento visto como positivo por analistas no mercado americano.

Nas últimas semanas, tanto a S&P quanto a Fitch, duas das principais empresas de rating dos Estados Unidos, elevaram as avaliações da Bunge, indicando que também veem a aprovação do negócio como próxima.

“A Fitch vê o acordo de fusão da Bunge com a Viterra como uma transação transformadora, que cria uma empresa líder global focada em agronegócios com maior escala e diversificação”, afirmou a Fitch na semana passada, ao justificar a decisão de elevar a companhia ao nível de “grau de investimento”.

Logo em seguida a S&P também melhorou a avaliação da Bunge, passando-a para “positiva”.

A aquisição da Viterra pela Bunge, uma transação avaliada em US$ 18 bilhões – sendo US$ 8,2 bilhões em ações e o restante assumindo as dívidas existentes – foi anunciada em junho do ano passado.

A expectativa era ter todas as aprovações de autoridades regulatórias de mais de 40 países no prazo de um ano, mas os processos se arrastaram mais que o previsto, com questionamentos feitos em várias frentes.

Brasil e Estados Unidos, dois dos principais mercados das empresas, estiveram entre os primeiros a aprovar o negócio. As maiores resistências vinham da União Europeia, além de China e Canadá, levantando preocupações com possíveis restrições que levassem o processo a se arrastar.

No início de agosto passado, uma das barreiras foi retirada, com a Bunge aceitando as condições das autoridades europeias para autorizar a fusão, como a venda de negócios de oleaginosas da Viterra na Hungria e na Polônia.

Agora, os principais entraves parecem estar mesmo no Canadá, onde, na visão do departamento que analisa a concorrência no país, uma vez concretizada, a fusão colocaria a Bunge numa posição de influência frente aos concorrentes.

Isso porque o grupo americano possui também participação de 25% na G3 Global Holdings, uma joint venture com uma empresa saudita que opera instalações de grãos no Canadá e que é concorrente local da Viterra.

Aparentemente, entretanto, confiança voltou a reinar no quartel general da Bunge em Saint Louis, nos Estados Unidos. Os credores da Viterra que o digam.