Depois de ter paralisado por tempo indeterminado operações em três unidades brasileiras e de ter colocado suas operações na Argentina, Uruguai e Chile à venda, a gigante de fertilizantes e insumos agrícola Nutrien agora está buscando um comprador para suas fábricas de fertilizantes no Brasil.
A informação foi divulgada inicialmente pelo site Brazil Journal e posteriormente confirmada pelo AgFeed com uma fonte a par do assunto.
Por volta das 12h, a Nutrien divulgou comunicado a respeito, referendando a informação, mas ressaltando que mantém as operações de comercialização de insumos agrícolas através de sua rede de distribuição.
"A Nutrien informa que continua a oferecer um portfólio robusto de insumos e soluções agrícolas que atendem às necessidades dos produtores brasileiros. Como parte da estratégia global de otimização dos negócios, a empresa decidiu descontinuar as operações de misturadores de fertilizantes no Brasil em 2024. O processo de venda dessas unidades é um passo natural dentro dessa estratégia. Seguimos focados em iniciativas que fortalecem nossa presença no mercado por meio de parcerias estratégicas, inovação e excelência no atendimento ao cliente", informa a nota.
A Nutrien pretende vender suas cinco plantas para um único comprador, mas não descarta avaliar propostas individuais por seus ativos, localizados nas cidades de Alfenas (MG), Araxá (MG), Cristalina (GO), Itapetininga (SP) e Morringos (GO).
As negociações com eventuais compradores teriam começado nesta semana. A Nutrien atua junto com a boutique de M&A Volt Partners na operação.
A ideia é fechar negócio ainda neste primeiro semestre e conseguir ao menos um prêmio em cima dos R$ 400 milhões investidos pela empresa em suas plantas nos últimos anos.
As misturadoras de Alfenas, Morrinhos e Cristalina já haviam tido sua operação interrompida pela Nutrien em maio do ano passado, conforme anunciado pela própria empresa em comunicado.
Na ocasião, a Nutrien não dizia não descartar a hipótese de retomar a operação no futuro, caso houvesse um "cenário de mercado mais estável".
Também no ano passado, a Nutrien já havia sinalizado que iria fazer desinvestimentos na América Latina. A empresa havia colocado à venda suas operações na Argentina, deixando também de lado seus negócios no Uruguai e no Chile.
O que surpreende é a mudança de posição da companhia em relação ao Brasil, país onde a Nutrien chegou há pouco mais de cinco anos, em 2019 e que a empresa havia colocado como foco de investimentos após indicar a saída dos outros países no continente sul-americano.
Há quase um ano, o presidente da companhia na América Latina, Carlos Brito, havia dito que a companhia continuava com sua "agenda de crescimento". "Nosso compromisso com o Brasil é de longo prazo", disse, na ocasião.
Nos últimos anos, a companhia vinha de uma série de compras de empresas, principalmente redes de varejo de insumos agrícolas, que transformaram a Nutrien em uma das maiores distribuidoras do país, atrás apenas das concorrentes Lavoro e AgroGalaxy.
Foram dez aquisições feitas entre 2019 e 2023, que envolveram redes varejistas conhecidas como Casa de Adubo, do Espírito Santo, e Safra Rica, com atuação em Minas Gerais e em São Paulo.
Os números dos balanços da Nutrien não vem sendo positivos. Ao fim de 2023, as vendas da Nutrien haviam recuado 23% ao redor do mundo, atingindo US$ 29 bilhões.
O resultado continuou se deteriorando ao longo de 2024. No terceiro trimestre do ano passado, por exemplo, a receita com vendas havia recuado 5% no período, chegando a US$ 5,34 bilhões, e o lucro líquido havia tombado 70% chegando a irrisórios US$ 25 milhões.
Os resultados do quarto trimestre de 2024 e os números consolidados do ano serão divulgados na próxima quarta-feira, dia 19 de fevereiro, após o fechamento do mercado.
As ações da Nutrien na Bolsa de Nova York fecharam o pregão de ontem, dia 12 de fevereiro, cotadas a US$ 49,93, com queda de 1,82%.
Com reportagem de Gustavo Lustosa.