A Inpasa, uma das maiores produtoras de etanol de milho do Brasil, anunciou que passará a transportar 1,01 bilhão de litros do biombustível ao ano por meio do modal ferroviário.

Até agora, dos 3,5 bilhões de litros de etanol produzidos ao ano pela companhia, cerca de 400 milhões eram transportados por ferrovias. Do montante total, 3 bilhões são produzidos no Brasil e o restante no Paraguai. A grande parte é negociada internamente, mas 250 milhões de litros são vendidos para fora do Brasil.

Para colocar o projeto literalmente nos trilhos, a empresa adquiriu 50 vagões e duas locomotivas, em um negócio ao redor de R$ 100 milhões, que serão operacionalizados pela Rumo, empresa logística da Cosan.

No itinerário, os trens rodarão no trecho entre Rondonópolis, em Mato Grosso, até Paulínia, no interior de São Paulo.

Ao todo, o trajeto tem aproximadamente 1,2 mil km, e servirá para a Inpasa chegar com mais eficiência em um dos maiores mercados do país, o Sudeste, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Em entrevista ao AgFeed, o diretor comercial de etanol da Inpasa, Gustavo Mariano, explicou que com a parceria, a Inpasa fará 17 mil viagens rodoviárias a menos durante o ano.

“Cerca de um terço do nosso volume produzido será transportado por esse modal. Por meio da ferrovia, vamos otimizar o custo logístico e dar mais segurança ao transporte e entrega aos clientes”, comenta.

Ele explica que essa segurança se deve ao fato do etanol produzido pela empresa ser originado do milho, que é fabricado ao longo do ano todo. “Não temos sazonalidade da safra. Entre janeiro e dezembro temos produção estável”.

Para o futuro, a Inpasa planeja aumentar seu market share de 10% no mercado de etanol brasileiro. Sem entrar em números, Mariano destacou que a porcentagem atual já é empolgante para o negócio da produção do biocombustível que começou em 2019 – e até então era absolutamente dominado pelos produtores de etanol de cana-de-açúcar, especialmente de São Paulo.

Além do modal ferroviário, a empresa também opera nos modais rodoviário, dutoviário, fluvial e marítimo. Com esse aumento viabilizado pela parceria, Mariano destacou que a empresa ainda fica mais perto de suas metas ESG.

Nos cálculos da Inpasa, com a aquisição de vagões próprios, a empresa além de ampliar a distribuição por trilhos, vai reduzir em até 60% suas emissões de CO2.

Do lado da Rumo, o negócio também é visto com empolgação. Em comunicado enviado à imprensa, a companhia afirmou que já transporta aproximadamente 20% do volume de etanol no estado de São Paulo.

Com a parceria, que já acontece desde 2021, a expectativa da companhia logística é aumentar a velocidade do escoamento da produção.

“A partir desta operação conjunta, colocaremos em operação um modelo de negócio capaz de proporcionar cadência e previsibilidade no suprimento de etanol da Inpasa para as regiões que atende, e estabilidade e ganhos de produtividade da nossa empresa”, afirmou o vice-presidente comercial da Rumo, Pedro Palma.