Depois de voltar a registrar lucros e alcançar a receita recorde de R$ 100 bilhões no segundo trimestre de 2024, a Faria Lima dá sinais de encantamento com a JBS.
Na semana em que a Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira B3 teve uma alta histórica, grandes bancos estão projetando ações ainda mais valorizadas em 2025 para a companhia, que está entre as maiores de alimentos do mundo.
Recentemente, as ações da JBS alcançaram o maior patamar em mais de dois anos, passando de R$ 36, o dobro do que valia há exatamente um ano. Porém, o papel pode valer ainda mais no próximo ano. O BB Investimentos vê um potencial de valorização de 30,1% até o fim do próximo ano. Com isso, o banco elevou o preço-alvo para os papéis (JBBS3) para R$ 47, de R$ 32 anteriormente, mantendo a recomendação de compra.
A JBS é uma das empresas que compõem o índice Ibovespa, que passa pelo seu melhor momento ao alcançar o recorde de 137 mil pontos nesta quarta-feira (21). Ao fim do pregão, o Ibovespa renovou a máxima histórica de fechamento, aos 136.522 pontos, após subir 0,32%.
No entanto, esse desempenho positivo tem a ajuda da companhia, que tem um dos melhores desempenhos do Ibovespa em 2024. As ações da gigante de proteína animal não apenas surfam na onda do principal índice da bolsa brasileira, como andam com as próprias pernas, ao acumular ganhos de mais de 45% no ano.
Segundo a analista do BB Investimentos, Geórgia Jorge, a valorização dos papéis refletem a melhoria das expectativas em relação ao desempenho operacional da companhia e à redução da sua alavancagem financeira. Os analistas acreditam que o cenário deve se manter nos próximos trimestres.
“O forte desempenho operacional e a geração de caixa ajudam a contribuir para a redução da alavancagem financeira. No fim de 2023, estava em patamar elevado de 4,3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos últimos 12 meses. Ao fim de junho deste ano, reduziram para 3,1 vezes, com perspectiva de atingir 2,0 vezes no fim deste ano, segundo nossas projeções”, comentou Jorge em relatório recente.
Além disso, o BB Investimentos projeta aumentos na receita e na rentabilidade operacional em todas as unidades de negócios da JBS, em especial nas operações de proteína de aves e suínos.
“Os resultados vêm se mostrando bastante robustos em 2024”, destaca o banco. Para 2025, a instituição financeira estima receita líquida de R$ 414,5 milhões e lucro bruto de R$ 54,4 milhões, com margem bruta 13,1%.
Vendo uma “potência proteica”, o BTG Pactual elevou o preço-alvo de R$ 35 para R$ 47, também com estimativa de valorização de 30,1%. Isso porque o banco estima que a empresa dos irmãos Batista tenha faturamento 11,1% maior no ano que vem, a R$ 434,2 milhões.
O BTG vê receita líquida de R$ 402,6 milhões ao fim deste ano, 7,5% acima das projeções anteriores, enquanto o lucro líquido deve alcançar R$ 7,2 bilhões, aumento de quase 14%.
“Vemos a JBS negociando com um fluxo de caixa este ano, o que ainda é atraente. Contudo, depois de uma impressionante disparada de 90% das ações nos últimos 12 meses, acreditamos que uma grande parte da vantagem já foi percebida. Mas novas altas provavelmente dependerão da continuação do forte impulso de lucros”, avaliam Guilherme Guttilla e Thiago Duarte, do BTG, complementando que a JBS é a preferida em relação a outros papéis de proteína animal.
Em meio ao cenário positivo, o Bank of America (BofA) acredita que a JBS será capaz de gerar R$ 11 bilhões de caixa por ano entre 2024 e 2026, com rendimento de 13,5%. “O que apoiará a estratégia de crescer de forma inorgânica e retornar caixa”, diz a analista Isabella Simonato.
Mais contido, o banco atualizou o preço-alvo da companhia, passando de R$ 40 para R$ 45 por papel, confiante de que as margens de frango permanecerão muito fortes nos próximos seis a 12 meses, até o segundo semestre de 2025.
O BofA ainda vê cenário positivo também para a carne suína, dada a forte demanda. O ciclo positivo do gado no Brasil e na Austrália deve compensar a fraqueza nos Estados Unidos. “Esperamos que os níveis mais fortes de lucros persistam em 2025 e no ano seguinte, dada a diversificação da empresa”, acrescenta Simonato.
Já a XP manteve o preço-alvo de R$ 47,90 por ação, mas reforça o seu otimismo com a companhia, esperando a continuidade de um ciclo forte com os “lucros instigando o desempenho das ações”, no qual espera um resultado ainda mais forte no terceiro trimestre.
Além disso, ao lado da BRF, a JBS é a empresa preferida da instituição financeira no segmento de alimentos, bebidas e agronegócio. “O valuation da JBS se destaca como inegavelmente atrativo”, comentam os analistas da XP, Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
As ações da companhia encerraram o pregão de hoje em alta de 1,19% e podem fechar com ganhos pela quinta semana seguida. Com resultados financeiros do segundo trimestre divulgados na semana passada e o anúncio de pagamento de R$ 4,4 bilhões em dividendos, a JBS caminha para fechar agosto com variação positiva, pelo quinto mês consecutivo.