Se no longo prazo a Minerva vê sua capacidade de abate aumentando em 50%, na foto do momento, a conta chegou.
Com o fechamento do M&A da carne envolvendo a concorrente Marfrig, com a compra de ativos e o desembolso de R$ 7,2 bilhões, a Minerva acabou registrando prejuízo em 2024.
Segundo o balanço divulgado há pouco ao mercado, a companhia dos Vilela de Queiroz registrou um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão no ano passado, revertendo um lucro de R$ 395 milhões em 2023.
Do deal com a Marfrig, R$ 1,5 bilhão foram contabilizados já em 2023, quando houve o anúncio. Em 2024, R$ 5,7 bilhões foram desembolsados em outubro, o que aumentou o endividamento líquido em 75,9% em um ano, para R$ 15,6 bilhões, e consequentemente, a alavancagem para 3,7 vezes ao final do ano passado.
Apesar do prejuízo contábil, a Minerva manteve um fluxo de caixa livre positivo de R$ 2,4 bilhões no ano e teve um 2024 operacionalmente melhor.
A receita líquida atingiu R$ 34,1 bilhões, avanço de 27% em um ano, e o lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de R$ 3,1 bilhões, 22% maior.
Nos últimos três meses do ano, a receita líquida somou R$ 10,7 bilhões, patamar recorde um trimestre, representando um crescimento de 74% em relação ao mesmo período do ano passado.
Como o custo dos produtos vendidos foi de R$ 27 bilhões, o lucro bruto no ano atingiu R$ 7 bilhões, com uma margem bruta de 20%.
Considerando a receita bruta de R$ 36 bilhões, R$ 21 bilhões vieram de exportações realizadas a partir das plantas da empresa no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Chile e Austrália, que atenderam mercados como EUA, China, União Europeia e Oriente Médio.
O principal comprador externo da Minerva Food, em 2024, foi Estados Unidos, com 33% do total. A China ficou em segundo lugar, com 21% das exportações.
As vendas no mercado interno totalizaram R$ 15,3 bilhões. No Brasil, a receita bruta foi de R$ 17,4 bilhões, considerando tanto as vendas internas quanto as exportações realizadas a partir do país.
A Minerva Foods aumentou seus abates em 13,9% no ano passado, atingindo 4,41 milhões de cabeças, e vendeu 1,5 milhão de toneladas de produtos, uma alta de 16,5%.
O preço médio de venda foi US$ 4,5 por quilo no mercado externo, 2,6% menor que em 2023, e R$ 24,1 por quilo no mercado interno, uma alta de 16,3% em um ano. Mesmo com a baixa no preço médio, o câmbio médio foi 7,8% maior, em R$ 5,39 por dólar.
O imbróglio uruguaio
Os montantes desembolsados até agora pelas compras dos ativos da Marfrig não consideram as três unidades de abate uruguaias, que ainda aguardam aprovação das autoridades locais.
Nas outras plantas, a Minerva cita que já são 144 dias de operação, e menciona “objetivos importantes dentro do processo de integração concluídos”, como sistemas de contabilidade e programas de eficiência.
“A Minerva já incorporou as novas plantas em todas as rotinas operacionais e comerciais da companhia. Vale destacar que o processo de integração deve acelerar continuamente ao longo dos próximos meses, ampliando o volume operacional e buscando maiores índices de eficiência”, afirmou a empresa.
Para o ano de 2025, a empresa espera diminuição de custos e também nas áreas operacionais, comerciais e financeiras.
Em relação ao imbróglio no Uruguai, nada mudou. Depois de duas derrotas, uma em outubro e outra em dezembro de 2024, a Minerva pleiteou novamente em fevereiro deste ano uma autorização para concluir a compra de três plantas no Uruguai.
A Minerva protocolou um novo pedido de autorização apresentado à autoridade concorrencial uruguaia (Coprodec).
Com os reveses passados, a empresa brasileira propôs uma nova estrutura para a transação. O pedido engloba a compra das plantas de San José e Salto, e ainda prevê uma revenda imediata da planta de Colônia para o Allana Group, empresa agrícola indiana.
No balanço, a Minerva apenas reforça que apresentou esse novo pedido e que aguarda o posicionamento das autoridades.