Juan Luciano, CEO global da ADM, tempera os negócios ao gosto do freguês. Quando a demanda por proteínas alternativas à base de plantas estava forte, a gigante americana foi uma das que mais investiu no desenvolvimento de insumos para os chamados alimentos plant based.

Agora, o apetite do mercado para essa categoria demonstra já não estar tão grande. Por conta disso, Luciano anunciou na terça-feira passada que a companhia vai rever um investimento anunciado de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) em uma unidade de produção de proteínas na cidade de Decatur, nos Estados Unidos, sede da ADM.

A revisão de planos tem o objetivo de “melhor corresponder ao ambiente de menor demanda de crescimento esperado", disse Luciano na conferência em que anunciou os resultados trimestrais da empresa.

A avaliação da ADM é que a atual desaceleração das vendas pode indicar que o mercado de carnes à base de plantas pode estar chegando a um ponto de inflexão. Algumas das marcas americanas mais conhecidas da categoria, como Beyond Meat e Impossible Foods, têm registrado queds de vendas e problemas financeiros, o que acendeu um sinal de alerta nesse mercado.

Preços mais altos em relação às carnes tradicionais e percepções negativas em relação ao sabor têm sido os principais obstáculos ao crescimento das vendas, segundo um relatório do CoBank.

Na ADM, os sinais vieram em forma de resultado. A divisão de Nutrição da companhia, em que estão as operações com proteínas alternativas, registrou lucro de US$ 138 milhões no trimestre, uma queda de 22% quando comprado com o mesmo período em 2022.

A orientação da empresa é, agora, ampliar as apostas em categorias mais "resilientes", incluindo nutrição especializada e laticínios.

O esforço nesse sentido será ainda maior em função da necessidade de recuperar parte do complexo de processamento de grãos de Decatur, onde uma explosão em abril passado resultou em ferimentos em oito trabalhadores, além de ter causados sérios danos à estrutura.

"Vamos trabalhar agressivamente para reiniciar as capacidades operacionais na Decatur East para minimizar o impacto em 2024", disse Luciano.

Os resultados menores nessa área foram em parte compensados, no balanço do trimestres pelo aumento da demanda por etanol e pelo crescimento em certas partes dos negócios de nutrição e oleaginosas, além da produção de etanol de milho, cuja demanda continua forte.

Ainda assim, a ADM reportou lucro líquido de US$ 821 milhões no terceiro trimestre, uma queda de 20% em relação ao ano passado.