Uma das gigantes do setor de proteína animal, a Marfrig citou cinco pontos que foram fundamentais para os resultados positivos da companhia no terceiro trimestre de 2024.
A empresa reportou nesta quarta-feira um lucro líquido de R$ 79,1 milhões entre julho e setembro, revertendo o prejuízo de R$ 112 milhões que havia registrado em igual período de 2023.
O primeiro ponto foi a diversificação de mercados e 30 novas habilitações de plantas para exportações, seguido pela produção no modelo de complexos industrial e produtos de valor agregado de custo menor.
“Esse modelo de produção em complexo industrial e com produtos de valor agregado, com custo 35% menor que em unidades independentes, nos garantem dois dígitos de margem”, afirmaram Rui Mendonça, presidente da Operação América do Sul da Marfrig e Tang David, CFO da companhia a jornalistas.
Nessa linha, um terceiro fator positivo: a captura acima de R$ 500 milhões em programas de excelência comercial e operacional, citam os executivos da Marfrig. Os outros fatores foram o aumento de fornecimento de confinamentos coligados e a sinergia com a BRF, que avança tanto na esfera de comércio internacional como na área de suprimentos e administrativos, de acordo com eles.
Dólar e China
Outros fatores foram e seguem fundamentais para o desempenho da empresa no trimestre de julho a setembro e no atual período. Entre eles está a alta no dólar para a companhia exportadora, “com 74% da receita atrelada à moeda nos favorece”, explicou David.
Apesar da redução na dependência com a diversificação de mercados, os chineses contribuíram para aumentar a receita da Marfrig com a recente alta de 10% no preço da carne importada.
“A China responde por um terço das exportações mundiais e precisa ter preço para garantir a demanda. Em outubro foram mais de 10% de aumento e esse novo preço vai ser importante para a rentabilidade de importação brasileira”, afirmou Mendonça
Trump, mercados e Brasil
Tanto o presidente da Operação América do Sul da Marfrig, como CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein, têm a mesma visão para o mercado norte-americano para a carne brasileira a partir de 2025, com a posse do presidente eleito Donald Trump.
“Já passamos por esse governo e não esperamos mudanças”, dizem eles, lembrando do primeiro mandato de Trump. “São vários mercados abrindo oportunidades para o Brasil, e outros se consolidando, como o México, que aprovou a renovação da não tributação do Brasil".
No mercado interno, a Marfrig avalia que a escalada de alta nos preços do gado no terceiro trimestre, de 10%, com mais 5% no aumento da arroba em outubro ocorreu em função da seca.
A companhia acredita em uma mudança de ciclo, mas a queda deve ocorrer em ritmo menor que as altas. “No mercado interno desempenho excelente, crescemos 15% todo focado em volume de marca. Os industrializados, por exemplo, respondem por 25% da receita da Marfrig na América do Sul”, explicou Mendonça.
Os números positivos da Marfrig no terceiro trimestre deste ano seguem com uma receita líquida consolidada de R$ 37,7 bilhões, alta de 12,4% sobre o terceiro trimestre de 2023 e um Ebitda consolidado de R$ 3,9 bilhões, aumento de 60,4% na mesma base de comparação.
“Reduzimos a alavancagem pelo sexto trimestre seguido e vamos reduzir no próximo trimestre com a performance operacional da BRF e recursos da venda de ativos. Os complexos industriais vão aumentar o volume, com mais margens e vão melhorar o custo”, concluiu Tang David.
A relação dívida líquida consolidada sobre o EBITDA ajustado consolidado, foi de 3 vezes, em reais, contra uma relação de 3,38 vezes registrada ao final do segundo trimestre deste ano.
No fim de setembro, a Marfrig recebeu a aprovação integral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para a venda de 13 ativos no Brasil, Argentina e Chile, que foram adquiridos pela Minerva.
A transação foi concluída em 28 de outubro, quando a Marfrig recebeu R$ 5,7 bilhões pela venda dos ativos, que somados aos R$ 1,5 bilhão recebidos na assinatura do contrato, totalizam mais de R$ 7,2 bilhões.
Segundo a empresa, esses recursos já estão sendo utilizados no processo de redução da alavancagem, e consequentemente, na diminuição do estoque de dívida e das despesas financeiras.