O investimento realizado na compra de um banco de germoplasma de milho há quatro anos pelo grupo argentino GDM começa a ter seus primeiros frutos nesta safra, o que já entusiasma a empresa para investir em outras culturas, além de fazer nova expansão geográfica.

Em 2019, a GDM iniciou a pesquisa com o milho no Brasil e, no ano passado, anunciou a construção de uma unidade dedicada ao desenvolvimento dessa cultura, no estado de Pernambuco.

Em entrevista ao AgFeed, o CEO da empresa, Ignacio Bartolomé, disse que os produtores já podem comprar híbridos de milho para plantar na safra 2023/2024.

Com o centro de desenvolvimento em Pernambuco, o executivo espera “acelerar os ciclos de melhoramento e trazer o melhor produto de milho para o mercado”.

“Já estamos com o milho na marca DONMARIO e estamos pensando em provavelmente lançar uma marca nova só focada no milho na próxima safra”, afirmou.

A expectativa da GDM é produzir, até o ano que vem, entre 120 mil e 150 mil sacas de sementes de milho. Em cinco anos, a meta é chegar a 1 milhão, e até 2033, a expectativa é ter pelo menos 10% do mercado brasileiro no segmento.

O executivo também revelou ao AgFeed, durante evento realizado em São Paulo nesta semana pela Orígeo, joint-venture entre a UPL e a Bunge, que além dos centros de pesquisa que já possui em Goiás, Mato Grosso e Tocantins, a GDM expandirá para o estado de Pernambuco, mas ainda sem uma data marcada.

Recentemente, a empresa também anunciou investimentos de R$ 15 milhões na expansão dos laboratórios de sua unidade de Cambé, no Paraná.

“Também miramos investimentos em outras culturas brasileiras, que ainda não posso revelar. Para os próximos cinco anos, o objetivo é crescer não só no Brasil, em outras culturas, mas também em outros territórios como Europa com o girassol, para diversificar a GDM fora da América Latina”, afirmou o CEO.

A ideia da GDM de entrar no mercado de sementes de milho por aqui é replicar o sucesso obtido com a cultura da soja. Segundo Bartolomé, a empresa é líder no mercado de sementes de soja no Brasil, com pouco mais de 70% de market share.

A receita das operações brasileiras corresponde a 70% do negócio. Em segundo lugar fica a Argentina, país sede da empresa. No ano passado, a receita líquida da GDM ficou em US$ 700 milhões.

Globalmente, a GDM afirma que 45% de toda a soja comercializada possui genética da companhia. No Brasil, segundo o executivo, esta participação estaria próxima de 80%.

Para a safra 2023/2024, a empresa acredita que vai crescer ainda mais no mercado de soja, e prevê que as três marcas líderes na venda de sementes serão do grupo.

“Para nós, o Brasil é o mercado mais importante no mundo, e com o crescimento que temos e projetamos, achamos que continuará sendo o principal mercado”, afirmou.

Ignacio é filho de Gerardo Bartolomé, o criador do Grupo Don Mario nos anos 1980. Gerardo comandou a empresa até o ano passado, quando deu lugar ao sucessor, um de seus cinco filhos.

Gerardo Bartolomé nasceu em Buenos Aires em 1956 e se formou como engenheiro agrônomo pela Universidade de Buenos Aires.

Sempre ligado ao agro, fundou a Asociados Don Mario com outros quatro sócios, que partilhavam da visão de explorar a soja em seu país para replicar o sucesso que a oleaginosa já tinha nos Estados Unidos, onde o clima era parecido.

A empresa desembarcou no Brasil em meados de 2003, quando iniciou seu primeiro programa de melhoria genética por aqui. Essa expansão internacional fez a empresa mudar o nome para GDM.

Nos primeiros estudos na região do Cerrado, a GDM introduziu grupos genéticos que possuíam uma maturidade considerada curta, característica muito buscada pelos produtores rurais. Esse ciclo menor permitiu, por exemplo, que as áreas para a safrinha de milho crescessem consideravelmente, já que a soja é colhida em menos tempo.