Já é muito conhecido o cenário para as empresas distribuidoras de insumos agrícolas. Na safra 2023/2024, as companhias conseguem aumentar os volumes vendidos, até mesmo faturar mais, mas a rentabilidade ainda está comprometida com os preços mais baixos.

A Lavoro confirmou essa tendência ao apresentar nesta quarta-feira, dia 24, seus números do primeiro trimestre fiscal de 2024, que se refere ao período entre julho e setembro de 2023.

A empresa conseguiu elevar em 11% sua receita líquida em relação ao começo da safra 2022/2023. Foram US$ 483 milhões no total, com o segmento de distribuição de insumos no Brasil contribuindo com quase US$ 412 milhões, um avanço de 15%.

O varejo na América Latina e a comercialização de insumos de marca própria, ou segmento Crop Care, tiveram quedas de 1% na mesma base de comparação.

Nos comentários que acompanham o balanço, a Lavoro relata que houve aumento de 54% no volume de vendas em defensivos, de 53% em fertilizantes e de 33% em especialidades.

Mesmo assim, a companhia fechou o primeiro trimestre fiscal de 2024 com prejuízo de US$ 14,5 milhões, contra um lucro de US$ 15 milhões no mesmo período do ano fiscal de 2023.

E a questão está mesmo nas margens. A margem bruta da Lavoro caiu 8,5 pontos percentuais em um ano, de 20,8% para 12,3%.

A partir daí, os números só pioram. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Lavoro caiu 75% em um ano, para US$ 11,1 milhões. E nesse caso, a distribuição no Brasil teve participação inversa à vista nas receitas, com recuo de 87% no Ebitda.

Assim, a margem Ebitda ajustado recuou de 10,2% no início da safra 2022/23 para 2,3% no primeiro trimestre de 24.

Para Ruy Cunha, CEO da Lavoro, as condições climáticas no Brasil tiveram impacto decisivo nos resultados da companhia. “Uma seca severa nos estados mais importantes para o agronegócio brasileiro impactou as lavouras de soja. Teremos também redução de área na produção de milho”.

Assim, o executivo já projeta um resultado negativo para a Lavoro no segmento mais importante da companhia para 23/24. “Projetamos uma queda de 25% para a safra que termina em junho de 2024. Uma piora frente à nossa projeção inicial, que era de recuo de 20%”, diz Cunha.

O resultado poderia ser pior, não fosse a contribuição das receitas que a companhia obteve com grãos no começo de 23/24. Foram mais de US$ 40 milhões, mais que o dobro que na safra passada.

Segundo a Lavoro, isso aconteceu por conta do aumento da demanda dos produtores pelo barter, operação em que os agricultores oferecem parte da produção para pagar os insumos.

Mas as margens do segmento de distribuição no Brasil ficaram piores que a média apresentada pela companhia.

A margem bruta recuou de 19,4% para 8,7%. E a margem Ebitda saiu de 9,2% para 1%.

A companhia afirma que esta queda nas margens é “temporária”, e ela não vai impedir a potencial trajetória de crescimento no longo prazo e o potencial de lucratividade. A Lavoro afirma que está colocando em prática estratégias que vão permitir ganho de participação de mercado.

“Estamos recrutando técnicos de vendas experientes, e os profissionais que contratamos desde o início da safra 23/24 têm potencial para gerar US$ 120 milhões em receitas”, diz a Lavoro.